Liberalismo económico?
Onde está o mérito?
2008 ficará provavelmente marcado como o ano da escolha da localização do futuro Aeroporto de Lisboa. Com base nos elementos que possuo sou da opinião que a solução ideal reside na manutenção do actual aeroporto e na construção de um segundo na margem sul. O actual aeroporto ficaria apenas destinado a voos “premium”, passando a praticar taxas elevadas.
O novo aeroporto, entre inúmeros aspectos, deverá ter espaço para quatro pistas, ser idealizado para crescer de forma pensada, ser atractivo para os voos “Low Cost”, possuir condições para funcionar 24h por dia e constituir um elemento impulsionador da economia portuguesa.
De seguida enuncio alguns factos que vão de encontro à solução por mim defendida:
- Londres possui cinco aeroportos de média/grande dimensão (Heathrow, Gatwick, City, Luton e Stansted) e mais cerca de nove pequenos aeroportos. Não será perfeitamente legítimo que Lisboa passe a ter dois aeroportos? Por razões de segurança também faz todo sentido.
- Para o Aeroporto do Porto é preferível que o novo aeroporto fique situado na margem sul; se o aeroporto ficar localizado na Ota irá reduzir a área de influência do Aeroporto do Porto.
- Nos estudos realizados durante o governo de Marcello Caetano a margem norte do rio Tejo foi excluída como solução aceitável. As hipóteses consideradas na época foram: Rio frio, Porto Alto, Alcochete, Fonte da Telha, Montijo e Portela de Sacavém.
- A Ota possui inúmeros inconvenientes, sendo de destacar a reduzida área disponível. Não se percebe como é que alguém possa defender esta solução.
Para terminar, o novo aeroporto deverá ser concebido de forma a dar à TAP condições de crescimento e rentabilidade a curto, médio e longo prazo.
Lince Ibérico
Se não fosse o magnífico trabalho desenvolvido pelos espanhóis o Lince Ibérico estaria provavelmente extinto do planeta Terra; Portugal nada conseguiu para evitar o seu desaparecimento (em território nacional). Este facto é absolutamente vergonhoso, e demonstra a ineficiência e incapacidade dos nossos governantes em lidar com situações que exigem inflexibilidade (relativamente a interesses particulares), capacidade técnica e determinação.
- Portugal dos Pequeninos
Portugal nos últimos anos assistiu de forma passiva ao desaparecimento de inúmeras marcas nacionais, algumas eram únicas, ou seja, eram a única empresa portuguesa a fabricar/fornecer esse produto, tais como:
MOLIN - Material de escrita e desenho
MABOR GENERAL - Pneus
UMM - Veículos automóveis (Jipes)
PORTARO - Veículos automóveis (Jipes)
SOREFAME - Concepção e fabrico de comboios
CASAL - Motos
Por outro lado foram atribuídos subsídios a inúmeras empresas estrangeiras que, ao fim de poucos anos, fecharam (indo para outros países).
Quando uma empresa deste tipo desaparece não são apenas os postos de trabalho que se perdem: são técnicas e conhecimentos acumulados e aperfeiçoados ao longo dos anos que se perdem (know-how); outro aspecto importante reside na perda de elementos que de certa forma servem de identificação do país.
Sou da opinião que este assunto deveria ser alvo de uma maior atenção por parte do governo, nomeadamente nos casos em que a marca nacional na iminência de desaparecer fosse a única (em Portugal) a fabricar esses produtos. Nestas situações o estado deveria intervir, de modo a evitar o seu desaparecimento, invocando o interesse nacional.
1927: Junta Autónoma das Estradas (JAE)
1997: JAE – Construção, S.A.
1999: Instituto das Estradas de Portugal (IEP); Instituto para a Construção Rodoviária (ICOR); Instituto para a Conservação e Exploração da Rede rodoviária (ICERR)
2002: Instituto das Estradas de Portugal (IEP)
2004: Estradas de Portugal E.P.E.
2007: Actualmente EP – Estradas de Portugal, S.A.?
Pergunta: Como pode uma entidade que nos últimos dez anos teve cerca de oito designações diferentes e foi alvo de diversas reestruturações funcionar com qualidade e ter alguma credibilidade?
- Nacionalização do Northern Rock em cima da mesa, caso nenhum privado avance com uma proposta consistente.
- A administração Bush está a ultimar um acordo para congelar taxas de juro para algumas hipotecas do mercado subprime, num esforço para combater eventuais penhoras.
Estas duas notícias, vindas do Reino Unido e dos EUA respectivamente, duas das economias mais liberais do mundo, são surpreendentes. Por um lado, mostra que em economias liberais o Estado ainda tem um papel importante como substituto da iniciativa privada e corrector de desigualdades. Por outro, dá uma lição aos que criticavam a excessiva liberdade económica e o papel residual do Estado na regulação dessas economias.
Em relação à intervenção em si e seus efeitos, é cedo para tecer comentários. Há, no entanto, culpa de ambos os governos (no caso do Reino Unido, do Banco Central), na situação a que chegou a crise subprime.
A Rússia imperial voltou. Os militares russos e Putin, "resolvidas" as divergências em casa, mostram ao mundo como se faz na Rússia. Sem pudores, sem ameaças, sem cinismo, sem lógica, sem perguntas. A Rússia acha-se no direito de fazer o que quer sem prestar contas a ninguém. E, de facto, tem poder para isso. Legitimidade, já não tem. Não tem porque estas manobras militares no mediterrâneo servem apenas para intimidar. O mar mediterrâneo não é especialmente estratégico para a Rússia, neste momento, a não ser para se mostrar aos vizinhos europeus. Apenas e só.
A Rússia, longe de ser europeia, cada vez mais será um problema para os europeus. Mais do que todas as oportunidades de uma boa relação, a Rússia será sempre rival em tudo. Sobretudo, tendo a União Europeia uma política atlântica. E esta Rússia, na obrigação de se comportar como um império, raramente acatará as decisões da UE fora do seu domínio. Como se vê em relação ao tratamento diferenciado da Rússia face ao Irão e face à questão da independência do Kosovo.
A Europa tem de se tornar militarmente independente. Os respectivos orçamentos de defesa têm inevitavelmente de crescer uns pontos percentuais no total do bolo. A independência dos países da UE, mesmo actuando em nome da NATO, assim o exige. Uma política externa europeia apoiada por um forte exército certamente que teria outra voz no combate à ditadura da Bielorrússia, ou numa eventual operação extensa no Darfur (em oposição à posição chinesa e russa) ou numa de proposta de alargamento da UE à Ucrânia. A falta de postura europeia reflectiu-se na ausência de condenação das fraudulentas eleições russas, enquanto que Putin fala sem contraditório.
Contudo, parece-me que a Europa está longe desta realidade. A falta de matérias-primas próprias, facilmente exportáveis, como o gás natural, petróleo, ou mesmo carvão, não permite grandes aventuras. A dependência energética (exceptuando a França), é enorme. Os défices orçamentais não dão margem de escolha. A segurança dos EUA dá algum conforto.
Vêm aí tempos difíceis.
Missão na Ásia
Foi há precisamente 48 anos que um grupo de três portugueses, liderados por Fernando Laidley, partiu numa carrinha Volkswagen com destino à Índia. Dessa extraordinária viagem nasceu um livro, de Fernando Laidley, intitulado Missão na Ásia (Edições Tapete Mágico, 1960).
(*) Fonte: Portugal – Através do Tempo e da História, O Século, 1934; legenda: Terras da África, da Ásia e da Oceânia que Portugal perdeu durante a dominação castelhana, ou em consequência dela.
Dou início às minhas contribuições para este blog com este tema que considero importante, sobretudo nas sociedades actuais, cada vez mais complexas e fragmentadas. Visão global dos assuntos significa sermos capazes de observar a realidade e de a compreender nas suas múltiplas dimensões/assuntos, e não apenas estarmos confinados ao que aprendemos na escola/faculdade, educação/convívio, etc..
A ausência da visão global traduz-se numa visão afunilada/distorcida da realidade, dando origem a opiniões ridículas, e a uma vivência mais incompleta.
Como pode alguém intitular-se intelectual e ser ignorante em assuntos tecnológicos? Como podem numa reunião diferentes pessoas com diferentes formações discutir um assunto se cada um vive fechado no seu microcosmo? Como pode alguém afirmar que não gosta de um grupo/tipo de música se não o conhece? Como pode o ser humano viver completamente indiferente em relação aos outros seres vivos animais e plantas? Como pode uma sociedade em que a grande maioria dos seus habitantes apenas se interessa por futebol e ao fim-de-semana ir ao centro comercial evoluir?
Nem todos podemos ser como o Leonardo da Vinci ou Júlio Verne, mas devemos ser curiosos, ter espírito aberto, duvidar daquilo que ouvimos/lemos, procurar conhecer a história, ter noção da relatividade das coisas, e tentar abordagens “não lineares” da realidade à semelhança do músico Brian Eno.