quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cobardia asiática

Se tudo indica que a libertação dos reféns sul-coreanos por parte de elementos dos Taliban no Afeganistão se deve à promessa por parte dos coreanos de retirarem o exército até ao final de 2007, então os terroristas conseguiram o que pretendiam. Sobretudo, o sucesso dos Taliban vai desencadear certamente uma série de raptos, para que atinjam os seus objectivos da forma mais eficaz, através de chantagem e intimidação. Não percebo a cobardia de um estado que se deixa levar por terroristas, que negoceia com eles, e que sabe que um sucesso dos Taliban nas negociações só potenciará mais e mais raptos. Estamos em guerra. A prioridade deve ser liquidar ou neutralizar as acções dos Taliban para que eles não retomem o poder. Esse é o objectivo número 1. E o insucesso dos Taliban implicará a derrota da al-Qaeda no Afeganistão.


Hipocrisia televisiva

O sentimento anti-americano dos media portugueses leva a que se faça instantaneamente a tradução para português do documentário "Loose Change" que nos transmite a possibilidade de o 11 de Setembro ter sido um "inside job" das autoridades americanas. Em vez de perderem tempo com inutilidades, tratem de traduzir e (tentar) passar rapidamente o novo documentário da CNN God's Warriors, produção do melhor jornalismo de investigação americano.


terça-feira, 28 de agosto de 2007

Dupla tributação (IVA + IA) e a Comissão Europeia (3)

No caminho para o socialismo e para um Estado policial:


Antes desta nova reforma, o valor do IVA incidia sobre o Imposto Automóvel (IA), passando agora a incidir sobre o ISV.


No passado dia 3 de Julho, a CE solicitou formalmente a Portugal que deixasse de incluir o IA no valor tributável dos carros para efeitos de IVA.

No entanto, o ministério das Finanças, com base num parecer do Centro de Estudos Fiscais, respondeu a Bruxelas, alegando a legalidade da nova reforma, acrescenta o ‘Público’.


No Diário Económico


Dupla tributação (IVA + IA) e a Comissão Europeia (2)

E mantém-se a colecta de impostos sem olhar a meios:


O Governo português já conhecia a posição da Comissão Europeia (CE) sobre a dupla tributação quando decidiu avançar com a reforma da tributação automóvel, noticia hoje o "Público".

Bruxelas anunciou, a 3 de Julho, que iniciou um processo de infracção contra Portugal relativo à dupla tributação automóvel. Bruxelas considera que o imposto de matrícula não deve ser incluído no valor tributável para efeitos de IVA.

Contudo, a Comissão enviou ao Governo, a 18 de Outubro do ano passado, por carta, a notificação de que Portugal não estava a cumprir a chamada directiva do IVA, exigindo que o país lhe apresentasse observações sobre o assunto, no prazo de dois meses.

O Governo avançou ainda assim com a reforma da tributação automóvel. Antes da reforma o IVA incidia sobre o Imposto Automóvel (IA), após as alterações, o IVA passou a incidir sobre o Imposto sobre Veículos (ISV).

Apesar dos alertas de Bruxelas e das notificação e inicio de processo de infracção contra Portugal, o Governo avançou com a reforma, mantendo a dupla tributação.


No Jornal de Negócios.


Venha uma OPA internacional


O que se passa no BCP é inacreditável. Começo a pensar que esta situação de instabilidade talvez favoreça alguém. Vamos ao que interessa. A crise não começou com a OPA falhada ao BPI mas sim muito antes dela. A sucessão de Jardim Gonçalves adivinhava-se difícil e, como demonstram os factos, não correu bem. Para já, foi nomeado um administrador para presidente executivo do banco que estava num cargo intermédio na cadeia hierárquica, e isso suscitou algum sentimento de injustiça nos administradores que ocupam cargos mais altos. Depois, devido às conotações de Paulo Teixeira Pinto com a Opus Dei, pôs-se a questão de favorecimento. Adiante, os falhanços da compra de um banco romeno (porque um concorrente pagou mais) e da OPA sobre o BPI, puseram em causa a estratégia de expansão do BCP. O mau-estar provocado por estes acontecimentos levou a que o Conselho Geral e de Supervisão liderado por Jardim Gonçalves, uma espécie de assembleia de iluminados com excessivo poder na nomeação da administração executiva, colocasse em dúvida a performance da administração que nomeou. Isto levou um conjunto de accionistas que não se sentem representados por esse Conselho Geral e de Supervisão a apoiar indirectamente Paulo Teixeira Pinto contra Jardim Gonçalves. Conclusão, o que se passa é uma luta de poder entre dois grupos de accionistas.

Contudo, esta luta de poder não tem sido feita de forma subtil. A vergonha das Assembleias Gerais que não resolvem nada transparece completamente na comunicação social. As críticas de diversos accionistas tal como Joe Berardo, aumentam o sentimento de desordem e confusão. As suspeitas de sabotagem do sistema informático na AG de 6 de Agosto ridicularizam o banco a um nível internacional. A intenção demonstrada por Rogério Alves, que representa como advogado a Teixeira Duarte, de resolver as divergências numa nova AG, mas desta vez com mais resguardo da comunicação social, parece-me impossível quando os principais protagonistas utilizam os media a torto e a direito para mandar mais achas para a fogueira. Finalmente, Jardim Gonçalves, tem a atitude mais hipócrita quando sugere a demissão de Paulo Teixeira Pinto. Sobretudo quando o fundador do banco tem responsabilidades directas na situação a que o banco chegou.


Sarkozy


Uma das grandes vantagens de Sarkozy, apesar de em algumas questões não concordar nada com ele, é a de falar claro e de não ter receio de dizer o que pensa. Esta atitude contrasta claramente com os antecessores, habituados a ter um discurso de pacifismo para as Nações Unidas e, regra geral, contra os EUA, e outro discurso radicalmente diferente para os ditadores "amigos", especialmente em África. Este percurso dualista parece ter sido afastado por Sarkozy. Pelo menos, em relação ao Irão, Sarkozy afirma que "um Irão equipado com armas nucleares é inaceitável". Assim, e só assim, a França ganha credibilidade num contexto mundial. Denunciar o que é preciso denunciar, apoiar quando esse apoio é indispensável. A recente visita do ministro dos negócios estrangeiros francês ao Iraque é um sinal dessa nova política (apesar das declarações disparatadas).

Subsistem porém duas opções de Sarkozy, que falarei mais adiante, com as quais nada concordo: as pressões claras sobre o BCE em matéria de política orçamental e monetária; as posições sobre a entrada da Turquia na UE.


segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Alinhados ou desalinhados?

Será que estes desalinhados nunca mais se alinham para continuar a escrever? Fazem muita falta a uma blogosfera com pouca gente que ainda pode reclamar ser "de fora".


Kid Nation


Esta é a pior faceta dos EUA, actualmente. E não pára de contaminar os media sedentos de audiências em todo o mundo. Os reality shows, cada vez mais intrusivos e chocantes, descem sempre mais baixo. Este é um exemplo perfeito. A ideia por detrás do Kid Nation é a de isolar do mundo um grupo de jovens entre os 8 e os 15 anos numa remota cidade do estado do Novo México, com o objectivo de dar a conhecer aos tele-espectadores a forma como os jovens se sustentam. Aparentemente, os participantes terão de passar 40 dias a trabalhar para si mesmos sem qualquer supervisão e regras de comportamento. Os miúdos terão de cozinhar, limpar, "gerir" um velho saloon (com cerveja sem álcool). As emoções dos adolescentes, segundo a produtora CBS, não são para ser escondidas. Tudo isto é possível com a assinatura de termos de responsabilidade pelos pais dos jovens e através da exploração de lacunas das leis de trabalho infantil do Novo México. A produtora CBS ainda tem a lata de promover o reality show afirmando que este é um teste ao bom comportamento e às emoções dos participantes, e à capacidade de trabalhar em grupo de modo a reavivar a velha cidade abandonada. Os efeitos nocivos desta cultura de massas (a que se junta a MTV, por exemplo) terão a sua plenitude dentro de duas décadas. E não vai ser bonito.

Aqui está o vídeo de promoção do programa:

http://www.youtube.com/watch?v=565JJPKVcAE


Quem sabe, sabe.

Um dia, Belmiro de Azevedo disse, sabiamente, que o BCP estava demasiado ajardinado.


Luís Filipe Menezes

Não preciso certamente de denunciar as inúmeras contradições de Luís Filipe Menezes que dariam aos assessores de Sócrates trabalho para muitos anos. Basta ouvir Paula Teixeira da Cruz e ler o Bloguitica de Paulo Gorjão. Ninguém lhe tira o mérito do bom trabalho na câmara de Gaia, mas políticos que andam ao sabor das conivências, já estamos fartos.


Pedro Santana Lopes

A táctica de Pedro Santana Lopes é simples. Hoje elogia Luís Filipe Menezes, Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira. Amanhã critica selectivamente cada um deles com o objectivo de denunciar o que não fizeram bem, ao contrário dele próprio, que fez tudo bem. Quando está em baixo, tenta uma aproximação amigável e põe-se ao lado daqueles que nunca lhe darão o seu apoio. Quando está em cima, serve-se deles para cimentar o seu poder. Só ainda não sei como PSL teve aliados quando apenas se serve deles para seu próprio benefício, chegando mesmo a sacrificar alguns publicamente. Compreendo que Carmona Rodrigues tenha ganho alguma visibilidade apenas porque foi em tempos apoiante de Santana Lopes, tal como Helena Lopes da Costa. Mas estes só serviram para Santana Lopes quando ele mandava neles, quando os controlava. É deste modo que Marques Mendes deve ter cuidado com a candidatura de Santana Lopes à liderança da bancada parlamentar do PSD. Hoje, Santana Lopes contribui para a estratégia de Marques Mendes atacando o governo. Amanhã, ataca subtilmente Marques Mendes e substitui gradualmente o líder do PSD nas críticas ao governo. Hoje, convém não criar muito atrito com Marques Mendes porque pretende subir dentro do partido. Amanhã, já garantido o posto, faz tudo para se potenciar em detrimento do PSD. O PSD com PSL nunca terá estabilidade nem credibilidade.


segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Movimento Verde Eufémia

Estes movimentos de pseudo-ecologistas que gostam de não tomar banho podiam contribuir doutra forma para uma nova ordem ambiental. Estes ecologistas bem podiam doutorar-se em áreas relacionadas com o ambiente e entrar nos quadros das grandes empresas, que cada vez mais têm reais preocupações ecologistas, ou então optar por uma carreira nas instituições estatais que tratam esses mesmos assuntos. Empresas como a Honda, nos automóveis, ou a EDP, nas energias, são bons exemplos de crescente preocupação ambiental. O mundo é melhor, por exemplo, com os cientistas que melhoraram nos últimos anos as técnicas de reciclagem, não com estes grupos de hippies sujos e mal formados.


sábado, 18 de agosto de 2007

Costa del Sol


Passeando nas ruas de Marbella e Puerto Banús se percebe facilmente que no Algarve... no pasa nada!


terça-feira, 14 de agosto de 2007

Crise do subprime nos EUA


A crise do mercado americano subprime, concretamente, o mercado dos empréstimos à habitação não era esperada. Mesmo com a progressiva subida das taxas de juro pela Federal Reserve americana, os empréstimos nunca foram tão baratos e as garantias exigidas tão poucas. Nos últimos anos, os Leverage by out sustentaram grande parte do crescimento das empresas dos países desenvolvidos. Deste modo, as empresas optaram pelo endividamento em vez do retorno a capitais próprios para investirem e gerarem retornos desse investimento. Uma era de confiança (pós 11 Setembro) que permitiu ao mercado mundial crescer a valores elevados. No entanto, numa altura pouco propícia, uma série de defaults assola o mercado de empréstimos à habitação americano.

Entramos pois numa era a que a revista Economist denomina de credit squeeze. Este aperto ao crédito vai provocar efeitos distintos em determinados grupos. Na maioria das empresas do mundo desenvolvido, espera-se que o efeito não será muito problemático. Porquê? Acontece que estas empresas investiram grandes quantias de dinheiro proveniente de empréstimos muito favoráveis, e com esses investimentos geraram, regra geral, lucros muito satisfatórios. Deste modo, a maioria das empresas nestes mercados tem cash flow suficiente para as necessidades de curto-prazo e capital próprio para novos investimentos. O reflexo desta crise nos mercados em desenvolvimento também se espera pouco problemático. A maioria destes países tirou lições das crises asiática e da Rússia no final dos anos 90, e preparam os seus sistemas financeiros de modo a acomodar estas crises. Da mesma forma, estes países também renegociaram contratos de empréstimo e obtiveram maiores quantidades de reservas de moeda estrangeira. O maior risco desta crise acaba por se dirigir aos consumidores americanos endividados. O aumento de consumo excessivo nos últimos anos (no caso americano) não vai subsistir numa época em que os preços das casas estão a descer e o preço do petróleo aumenta exponencialmente. Esta situação mais tarde ou mais cedo levará a uma recessão na economia americana, que vai afectar o resto do mundo. Resta saber se a FED americana vai mexer nas taxas de juro de modo a potenciar o consumo.


A situação não é grave. Estas crises financeiras, pelo menos nos países desenvolvidos, têm sido resolvidas, e esta ainda não assumiu sérias proporções. O risco tem sido diversificado com novos instrumentos financeiros (Credit derivatives). Aliás, nunca esteve tão disperso como agora. Mas também estas novas opções e tipos de investimento nunca foram realmente testados. Quem vai arcar com as consequências das taxas de juro altas são, naturalmente, os bancos. Apesar de se apresentarem com balance sheets saudáveis, uma série de defaults no subprime terão de ser pagas por lucros (cada vez mais gerados pela banca de investimento). E sem esses lucros, dificilmente os bancos vão disponibilizar fundos. Uma crise no sistema bancário iria gerar certamente um pânico sistemático. Uma situação destas parece, contudo, ainda longe de se atingir. Basta observar as balance sheets dos bancos comerciais americanos neste ano (e dos portugueses também!) para demonstrar o quão preparados parecem estar.

Para terminar, é de assinalar que a resposta do mercado accionista a esta crise no mercado subprime correspondeu a uma queda violenta de 311 pontos no índice bolsista Dow Jones em 26 de Julho, mas que não deixa de ser apenas a 698ª maior da história. Veremos quais serão as consequências da crise do subprime nos mercados mundiais nos próximos tempos.

PS: É ridícula a afirmação dos nossos jornalistas de economia (dos jornais e televisões generalistas) de que os efeitos desta crise não serão sentidos em Portugal. Se a Europa é afectada, Portugal leva logo a seguir, não tenham dúvidas. Esta crítica não se aplica ao excelente jornalista (subdirector de informação da SIC) José Gomes Ferreira, sempre muito bem preparado para falar de assuntos de economia, eloquente e preciso qb.


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Little Treasures in iPod



Little Treasures in iPod



Margarida Pinto Correia dixit


"A Direita está cheia de preconceitos que se instalam, dominam e oprimem. Um filho de uma família de Direita tem muito menos abertura de espírito do que um filho de uma família de esquerda.

"E faz-me impressão uma sociedade em que se premeie apenas o mérito, independentemente das condições à partida. Isso é a Direita e isso faz-me muita impressão."

Palavras de Margarida Pinto Correia numa entrevista ao Semanário Sol.

A frase inicial é, na minha opinião, uma crítica justíssima à direita e às pessoas que partilham desses valores. Parece-me que há pouca abertura de espírito genuína na direita, por motivos de classe, religião, e muitos outros.

A segunda estraga tudo. Se não se premiar o mérito, então valoriza-se o quê?



Iraque

Para os críticos acérrimos da intervenção americana no Iraque e que desejam tudo de bom à "resistência iraquiana", vejam os últimos passos da ONU. Esta malta do Resistir.info não pensa diferente, pensa mal. Pior, está do lado errado da história.


sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Top 10 American Muscle Cars


1 - 1971 Plymouth "Hemi" 'Cuda convertible

2 - 1969 Dodge Charger R/T-440 hardtop

3 - 1969 Chevrolet Camaro Z-28/SS coupe

4 - 1970 Chevrolet Chevelle SS-454/LS-6 convertible

5 - 1964 Shelby Cobra 289 roadster

6 - 1968 Shelby GT-500-KR convertible

7 - 1970 Plymouth Superbird-440 hardtop

8 - 1969 Ford Torino-Talladega hardtop

9 - 1969 Pontiac GTO "Judge" convertible

10 - 1970 Oldsmobile 442/W-30 hardtop


Deathproof


"Death proof" de Tarantino, recomendado!

E uma máquina daquelas nas ruas de Lisboa!? bastava-me esta...



Shelby 350 GT


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Museu dos descobrimentos


Uma excelente ideia para a reabilitação do Terreiro do Paço, em vez do terrível uso que tem sido dado à praça que por vezes mais parece uma feira da Ladra, seria a construção de um grande museu nacional dos descobrimentos. Lisboa e Portugal precisam desesperadamente de guardar as suas memórias mais fiéis. Este passo seria igualmente a melhor forma de iniciar uma reabilitação da Baixa, levando gente para lá. E assim não temos de nos deslocar a Washington às galerias e museus Smithsonian para observar as relíquias da época d'ouro portuguesa.


Análise do terrorismo muçulmano no Reino Unido

O Reino Unido é um dos principais países europeus, com um passado imperial de enorme relevo, cujo domínio se estendeu do continente americano até à Índia, do Egipto à África do Sul, da Austrália ao Paquistão. O enorme império inglês, um caldo de culturas, costumes e religiões, foi provavelmente o império que teve maior importância na difusão de valores e práticas do mundo Ocidental tanto em regiões remotas como em civilizações antigas com raízes e credos profundos, como é o caso da Índia e do Egipto. O passado imperial trouxe ao Reino Unido grande experiência de multiculturalismo e de conhecimento de outros povos, ao mesmo tempo que impôs maiores responsabilidades no relacionamento com as diferentes comunidades. Actualmente, as principais comunidades imigrantes do Reino Unido, como é o caso dos hindus e dos muçulmanos, são um espelho do império britânico.

A questão do terrorismo no Reino Unido está intimamente ligada à expansão colonial inglesa, tendo em conta o tipo de comunidades que se instalaram nos últimos 30 anos no país. A percentagem de muçulmanos no país é de 2,7% do total populacional, ou seja, cerca de 1.600.000. A maioria destes muçulmanos tem a sua origem nas tribos pashtun do Paquistão, do Bangladesh e da Índia. E nestes últimos anos tem-se verificado e comprovado que o terrorismo de tipo religioso e político no Reino Unido se associa especialmente à comunidade muçulmana e, de uma forma especial, a estes imigrantes do eixo Paquistão/Afeganistão/Bangladesh.

Contudo, o terrorismo não é novidade recente no Reino Unido, tendo em conta que nas últimas décadas o país teve que lidar com o IRA. No entanto, o IRA praticava um terrorismo de tipo laico-político e com objectivos bem definidos, mas sem uma grande componente religiosa e apocalíptica como é o caso do muçulmano. Esta nova forma de confrontação directa e relativamente desconhecida tem cada vez maior impacto no Reino Unido e é o objecto de estudo deste trabalho.


Factores de Ordem Social e Económica[1]

A questão do terrorismo no Reino Unido inclui necessariamente a análise da integração socio-económica da comunidade muçulmana britânica. Regra geral, esta integração não é bem sucedida, com foco na 2ª geração de imigrantes. Os factores são muitos e variados, as culpas repartidas.

As duas maiores comunidades muçulmanas, de origem paquistanesa e do Bangladesh, que constituem 22% do total dos 4.700.000 imigrantes, revelam baixos índices de integração. O nível de desemprego masculino é de 13% entre a comunidade do Bangladesh, e 11% entre a paquistanesa, muito acima dos 4,5% dos ingleses caucasianos. Mais de 40% dos jovens muçulmanos do Bangladesh são desempregados, em comparação com 12% dos jovens caucasianos. Cerca de 40-45% dos estudantes muçulmanos do Bangladesh e Paquistão têm aprovação escolar, comparada com 50% dos ingleses caucasianos, 65% dos indianos e 75% dos chineses. As estatísticas mostram que 68% das famílias paquistanesas e do Bangladesh vivem em situação de pobreza, sendo que a média nacional é de 23%; e 42% das crianças muçulmanas vivem em habitações sobre-acomodadas, comparado com 12,3% da média nacional. Não é pois de estranhar que, sendo apenas 2,7% da população, os muçulmanos britânicos constituem 9% dos presos no Reino Unido. Tendo em conta estes factores exclusivamente socio-económicos, sem fazer referência a culturais e religiosos, é possível concluir que a comunidade muçulmana no Reino Unido se encontra em situação desfavorável.

Para além destes factores, há na comunidade islâmica um sentimento de exclusão e rejeição social que tem vindo a aumentar, sobretudo desde os ataques bombistas em Londres de 7 de Julho. A principal organização muçulmana britânica, a Muslim Council of Britain (MCB), tem publicado em jornais e na Internet vários artigos que exprimem revolta contra o que se chama de “Islamofobia”, e que o próprio MCB chama de “tendência para descriminar e hostilizar todos os muçulmanos com base na associação do terrorismo com o Islão”. Por exemplo, o MCB revela que sob as novas leis anti-terrorismo, o número de abordagens policiais a asiáticos aumentou 302% em 2003 e associa este valor principalmente a muçulmanos. Destas pessoas abordadas, 13% foram presas e apenas 1% do total foram presas ao abrigo da nova lei anti-terrorista.

Os dados podem-nos sugerir que a falta de integração muçulmana se deve maioritariamente a questões socio-económicas. Na minha opinião, as questões culturais e religiosas têm uma importância maior para explicar a exclusão da comunidade muçulmana e, consequentemente, os fenómenos associados ao terrorismo.


Factores de Ordem Cultural e Religiosa

A questão cultural assume uma importância enorme no radicalismo religioso. Por um lado, a tradicional política inglesa de multiculturalismo tem permitido aos muçulmanos a aplicação e divulgação de costumes e ideais próprios sem grandes restrições. Esta política é radicalmente diferente do integracionismo francês, que procura a um nível estatal a integração dos imigrantes relativamente aos valores e costumes da cultura e do povo francês. Esta liberdade cultural no Reino Unido permitiu aos fundamentalistas muçulmanos a promoção de ideologias radicais com uma forte componente religiosa tanto nas mesquitas como nas madrassas, com relativa despreocupação e desconhecimento por parte das autoridades, pelo menos até ao 11 de Setembro de 2001. Por outro lado, os tipos de comunidades imigrantes muçulmanas no Reino Unido, essencialmente provenientes do Paquistão e Bangladesh, são religiosamente ortodoxos, e levam ao limite uma interpretação literal do Islão com base no Corão. Estes dois factores são importantes para analisar a ameaça terrorista no Reino Unido. A sharia[2], actualmente aplicada em países islâmicos como o Paquistão, o Sudão, o Irão ou até mesmo o Afeganistão, colhe grande apoio por parte dos muçulmanos britânicos que vêm com bons olhos a sua aplicação no Reino Unido. Onde a sharia é aplicada, não há separação entre estado e religião, e o poder judicial implementado pelos tribunais islâmicos interfere sobre domínios impensáveis de um ponto de vista ocidental. Exemplos práticos da aplicação da sharia são vistos um pouco por todo o mundo islâmico, desde a criminalização das mulheres por adultério e posterior condenação á morte na Somália ou no Bangladesh; a obrigatoriedade do uso do véu tanto na Arábia Saudita como no Paquistão; a limitação da liberdade de culto no Egipto ou mesmo na Turquia; e a proibição de produção musical considerada ofensiva aos princípios do Islão no Irão. Há mesmo fortes indícios de que a excisão feminina em comunidades imigrantes muçulmanas (da Nigéria por exemplo) é praticada na Europa.

No Reino Unido, com base em sondagens credíveis feitas a muçulmanos, 40% dos participantes aprovam que a sharia seja aplicada nas áreas de predominância muçulmana e 61% querem que tribunais islâmicos julguem as causas civis da comunidade. Para 55%, deveria ser proibido às escolas impedir que as alunas usem o hijab[3] e 88% revelam que as instituições de ensino e locais de trabalho devem adaptar-se à rotina das preces islâmicas.

O tratamento desigual das mulheres em relação aos homens como prática culturalmente enraizada do Islão é um bom exemplo da diferença entre tradições seculares laicas e as leis islâmicas. Contudo, é impensável a ideia de que estes princípios culturais do Islão podem ser aplicados em consonância com as leis e costumes ocidentais. O mais provável, tendo em conta que a aculturação ao Islão é elevada entre as comunidades muçulmanas, é que muitas práticas à luz da sharia mas clandestinas na Europa sejam impostas respeitando rígidas tradições familiares, de uma forma perfeitamente natural. O tratamento das mulheres no mundo islâmico é um dos factores decisivos para mostrar o nível e o tipo de confrontação entre as comunidades muçulmanas e o ocidente. Há cerca de dois meses, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Jack Straw em declarações públicas afirmou que o facto de as mulheres cobrirem as suas caras com um véu dificulta as relações entre comunidades. Estas declarações incendiaram os ânimos entre a comunidade muçulmana e suscitaram múltiplas reacções. Se, por um lado, o MCB se apressou a mostrar que compreende o desconforto de Jack Straw, por outro, a organização Islamic Forum Europe condenou as declarações e reafirmou que o uso do véu é uma prática islâmica consensual entre intelectuais islâmicos, não aceitando sequer qualquer discussão sobre o assunto. As reacções tanto do Partido Conservador como do Partido Liberal Democrata foram condenatórias para com as declarações de Jack Straw. O MCB aceita, por exemplo, que as mulheres muçulmanas removam parte do véu, no entanto, mantém-se obrigatório tapar o cabelo. É possível concluir que mesmo as organizações muçulmanas moderadas incluem uma componente religiosa na sua orientação e como base da sua própria existência (veja-se a constituição e adesão ao MCB), o que pode parecer pouco compreensível aos ocidentais, já secularizados.

A questão da integração das comunidades muçulmanas britânicas pode ser colocada desta forma. Devem os muçulmanos aderir aos costumes e leis ocidentais no Reino Unido e fazer parte deste sistema, ou devem manter-se como uma comunidade fechada que se dedica estritamente às práticas islâmicas com o objectivo de criar uma nova ordem mundial constituída por uma “grande massa” de muçulmanos, a Ummah[4]? A resposta por parte de teóricos islâmicos moderados é clara, como é o caso de Masud Ahmed Khan[5] ou de Mona Siddiqui[6]: os muçulmanos britânicos devem ser fiéis e leais à pátria à qual pertencem, e não confundir a fraternidade entre povos do Islão com o desejo de criar o Califado, cujos objectivos são de domínio político. As sondagens realizadas mostram que 81% dos muçulmanos britânicos se sentem como muçulmanos primeiro, e em segundo lugar como britânicos. Este valor é mais alto do que os verificados na Turquia, no Egipto, ou mesmo em França, em que 46% se consideram muçulmanos em primeiro lugar, e 42% franceses antes de muçulmanos. Contudo, o país em que esta sondagem revelou valores mais altos de identificação com a Ummah, a grande família muçulmana, foi o Paquistão, com 87%. Precisamente, a origem da maior parte da comunidade muçulmana britânica é paquistanesa, daí a fácil aceitação e difusão de valores islâmicos extremistas no Reino Unido. Não é de estranhar que cerca de 92% da comunidade paquistanesa seja muçulmana, em contraste com 53% da comunidade chinesa ou os 15% de ingleses, que se declararam sem religião.


Factores de Ordem Política

O combate político dos radicais muçulmanos assume uma enorme amplitude. Em muitas mesquitas e madrassas do Reino Unido é frequente a junção entre religião e política. Os sermões dos imams nas mesquitas são muitas vezes discursos inflamados contra o Ocidente e referências do Corão são adaptadas e transformadas para justificar qualquer tipo de acção contra os infiéis. As organizações de caridade ao mesmo tempo que montam sistemas de apoio social, como hospitais ou escolas, também dedicam grande parte dos seus fundos ao financiamento de grupos que praticam a jihad[7], fundos que são gastos em centros de propaganda, armas e escolas corânicas. Mesmo organizações moderadas como o MCB têm nas suas fileiras grupos como a Interpal suspeitos de financiarem a organização terrorista Hamas na Palestina, o que transmite a ideia de que existe um discurso “limpo” para fora, mas muito parcial dentro da comunidade muçulmana. Outro caso de financiamento e propaganda eficaz é o movimento Salafi, conhecido como os Wahhabistas. Estas organizações, através dos petro-dólares injectados na Arábia Saudita, disponibilizam literatura livre e subsidiada, ao mesmo tempo que treinam muçulmanos britânicos em universidades como a de Medina. Estes grupos têm uma visão muito ortodoxa do Islão e extremamente intolerante, tanto para muçulmanos como para não-muçulmanos.

O melhor exemplo de radicalismo religioso nos últimos anos no Reino Unido é Abu Hamza al-Masri. Este teórico muçulmano, alegadamente próximo da al-Qaeda, participou nos Mujahideen na guerra contra os soviéticos no Afeganistão e apoiou os muçulmanos bósnios nos Balcãs contra os sérvios, através dos esquemas de recrutamento de terroristas, de recolha de fundos para apoiar a causa e propaganda radical nas mesquitas para “sensibilizar” os crentes e infiéis para o que se estava a passar. Ao mesmo tempo que ganhava protagonismo entre a comunidade islâmica, distribuía panfletos a apelar à jihad contra os regimes corruptos do Médio Oriente, ao que chamava marionetas do Ocidente. A comunidade radical a que ele se dirigia segregou-se automaticamente das outras e instalou-se na mesquita de Finsbury Park. Os sermões tinham uma tonalidade anti-ocidental extrema, e no primeiro aniversário do 11 de Setembro Abu Hamza organizou uma conferência na mesquita para glorificar os sequestradores. Abu Hamza entretanto tinha ligações ao grupo al-Muhajiroun, conhecido por apoiar publicamente a al-Qaeda e pretender aplicar a sharia no Reino Unido, impor a conversão de todos os não-muçulmanos ao Islão de todas as formas, criar na opinião pública inglesa a ideia de que o Islão é um sistema perfeito e completo de vida e pressionar toda a comunidade a aceitar gradualmente a cultura islâmica, o sistema penal e judicial, os rituais, o sistema económico e social. A diferença é que este terrorismo de novo tipo, cujo símbolo é a al-Qaeda, está alicerçado numa componente dupla de política e religião, que pretende estabelecer esse domínio do Islão no mundo ocidental, e que tem como base tentativas bem sucedidas realizadas em território islâmico (Afeganistão, Somália, Sudão, Iémen). Entretanto, ao abrigo da anterior lei anti-terrorista de 2000[8], Abu Hamza foi preso e condenado a 7 anos por encorajar o assassinato de não-muçulmanos e de incitar ao ódio racial.

O problema que preocupa as autoridades e, em especial, a sociedade inglesa, é que estas ideologias radicais são progressivamente aceites pelas comunidades de 2ªgeração de muçulmanos britânicos. Em sondagens realizadas após os atentados de 7 de Julho de 2005, 5% dos muçulmanos inquiridos manifestaram aprovação pelos ataques, 13% acham que os terroristas devem ser considerados “mártires”, 16% dizem que os atentados foram um erro mas a causa é legítima e 56% conseguem compreender “por que algumas pessoas se comportam dessa maneira”. Por outro lado, 18% não ajudaria a polícia se suspeitasse que algum membro da comunidade estivesse a planear um ataque. Quanto ao uso da violência, 7% de muçulmanos apoiam o terrorismo contra civis no Reino Unido, no entanto esta percentagem sobe para 12% nos jovens entre os 18 e os 24 anos. Em relação às operações suicidas contra os militares no país, 21% responderam favoravelmente, enquanto essa percentagem foi de 28% nos jovens entre os 18 e os 24. Não é por demais concluir que há uma tendência de radicalização da comunidade jovem muçulmana no Reino Unido, e os sinais são muitos.

Um factor tradicionalmente expresso pelos muçulmanos para servir de justificação para a revolta do mundo árabe é a política externa anglo-americana. O MCB afirma que grupos extremistas tiraram proveito do papel do Reino Unido na guerra do Afeganistão e Iraque e do apoio cego de Londres e Washington a Israel, como uma oportunidade para recrutar mais muçulmanos para as suas organizações. O MCB, claramente um grupo opositor à “ocupação” da Palestina e invasão do Iraque e Afeganistão, aponta que há um sentimento global entre os muçulmanos de que a política externa anglo-americana lhes é hostil e que o aumento da probabilidade de atentados terroristas no Reino Unido se deve também a estas políticas. A organização dá mesmo o exemplo do jovem bombista suicida Shehzad Tanweer que, num vídeo, justificou o ataque com base na invasão do Iraque. O caso francês é interessante, considerando que a França se opôs publicamente à invasão do Iraque e se desmarca das acções preventivas do estado de Israel, tendo até relações privilegiadas com países árabes. No entanto, tem um problema idêntico na sua natureza ao do Reino Unido, com uma minoria islâmica mal integrada. A questão da política externa na minha opinião não tem a importância que se pensa comparada com as questões que realmente provocam a irritação e a exclusão da comunidade muçulmana, como as eternas diferenças religiosas e culturais, o avanço científico, a liberdade de expressão do Ocidente, a laicidade do estado, a visão do Islão como uma religião de luta e de Maomé como um guerreiro, e o sentimento de derrota de um mundo islâmico global às mãos do Ocidente, tanto no século VII em Poitiers, no século XV em Espanha, ou em 1918 na sequência da primeira Guerra Mundial com o desmantelamento do império Otomano e a extinção do Califado.


Conclusão

Há um conjunto de aspectos em que é possível garantir desde já que a sua evolução irá ter reflexos muito importantes na propagação ou extinção deste tipo de terrorismo muçulmano. A evolução demográfica da comunidade britânica muçulmana no Reino Unido em comparação com a nativa é um ponto essencial para definir os contornos da situação do Islão no país. E as perspectivas não são optimistas para a manutenção de uma maioria de raça branca cristã a longo-prazo. A comunidade paquistanesa tem um rácio[9] de nascimentos menos mortes, de 2001 a 2003, em milhares, de 28, enquanto que a comunidade do Bangladesh tem um rácio de 12. Os nativos (ingleses, irlandeses e outros indivíduos de raça caucasiana) têm um rácio negativo de (-5). A migração total internacional, em milhares, é de (-66) para os ingleses caucasianos, (-7) para os irlandeses, no entanto, é de 17 para os paquistaneses, de 8 para os migrantes do Bangladesh e de 47 para os indianos. Por outro lado, as comunidades asiáticas muçulmanas são muito jovens comparadas com as nativas. A população de origem paquistanesa com menos de 16 anos é de cerca de 35%, e no caso do Bangladesh chega quase aos 40%. Os ingleses caucasianos menores de 16 anos constituem apenas 20%. Com estes dados, a tendência será de um natural crescimento destas comunidades muçulmanas no país e um aumento progressivo da sua influência no Reino Unido. Torna-se, por isso, urgente integrar rapidamente estas comunidades, o que passa obrigatoriamente por melhorar as condições socio-económicas em que vivem. A sua participação cívica também é um factor decisivo, tanto nos partidos com representatividade, como em organizações laicas e de origem anglo-saxónica. Há bons indícios de maior integração em certos domínios, como a melhoria impressionante do aproveitamento escolar entre a comunidade do Bangladesh e as condições económicas florescentes da comunidade de origem indiana. A progressiva adaptação social e económica dos muçulmanos no Reino Unido poderá trazê-los mais intensivamente para uma participação activa na sociedade inglesa, e a eleição de alguns membros moderados destas comunidades para cargos políticos de responsabilidade contribuirá para isolar os líderes religiosos mais radicais. A situação terá de ser radicalmente diferente porque, não só no Reino Unido, mas também em países como a França e a Alemanha, o crescimento da comunidade muçulmana é enorme e os esforços para a sua integração terão de ser intensos, caso contrário, viver-se-ão momentos muito difíceis.

Outra vertente essencial para a integração dos muçulmanos, tanto no Reino Unido como na Europa, é a evolução da situação no Iraque, na Palestina e os casos isolados da Turquia e do Irão. O Iraque vive uma situação de eminente guerra civil, no entanto, não tinha eleições livres há cerca de 100 anos. O estabelecimento de uma democracia plena de sucesso naquela região do globo é decisivo para o Ocidente, e poderá mudar muita coisa em regimes profundamente teocráticos e religiosos, como é o caso da Arábia Saudita. Os muçulmanos precisam de referências no mundo islâmico, e neste momento ainda não existe uma democracia plena secular nesse mundo, com a excepção ao caso muito especial da Turquia. Só o tempo dirá se é possível fazê-lo que não à força, como é o caso turco. O caso da Palestina alimenta todo o tipo de ódios do mundo islâmico contra o Ocidente. Líderes muçulmanos, como é o caso do Rei da Jordânia, apontam que a resolução desse problema é o primeiro e decisivo passo para construir uma paz duradoura no Médio Oriente. A inclusão da Turquia na União Europeia, e a melhoria das condições socio-económicas dos turcos, certamente que contribuirá para uma menor desconfiança em relação ao Ocidente, ao mesmo tempo que alargará uma fronteira de estabilidade ao Iraque. O apoio aos grupos e partidos reformistas do Irão deverá ser constante, ao mesmo tempo que se deve prestar atenção à juventude desse mesmo país, que neste momento é impedida pelas autoridades de manifestar a sua opinião em blogues e em fóruns da Internet.

Todos estes factores terão influência directa na criação de um mundo livre e democrático. Esse terá de ser inevitavelmente o primeiro objectivo do Ocidente.



[1] Government Home Office – National Statistics

[2] Lei Islâmica

[3] Véu islâmico

[4] “Grande família de muçulmanos”, termo associado á criação do Califado

[5] Webmaster muçulmano citado na BBC

[6] Professora de estudos religiosos e de teologia na universidade de Glasgow

[7] Guerra Santa

[8] Terrorism Act 2000

[9] Population Trends 2001-2003 em milhares


Islão moderado

Uma música de muçulmanos com ascendência paquistanesa contra o Islão radical: "We are not that"

Filmado no Paquistão, é um sucesso tremendo nesse mesmo país. Impressionante, ou talvez não. Pena que a maioria das televisões ocidentais só testemunhem o radicalismo, e não façam mais trabalho de investigação sobre um país fantástico como o Paquistão.


Lugares

Panorâmica sobre Alfama, tirada do Miradouro de Santa Luzia e jardim Júlio de Castilho
Lisboa
1949



Alfama
Lisboa
Início do século XX


Lugares


Praça da Liberdade
Porto


terça-feira, 7 de agosto de 2007

BCP


Tenho tido muita vontade de escrever sobre a situação no BCP, o maior banco privado português. Contudo, a sensação que tenho é de que praticamente nada do que acontece realmente lá dentro passa cá para fora. Desse ponto de vista, a estratégia de comunicação do banco tem resultado.

No entanto, os sinais que passam para fora são de instabilidade e ruptura, essencialmente. Provavelmente, a guerra é dura, de longa duração e não se vai resolver em 2007. A situação é tal que o consenso entre as partes envolvidas não é possível. Só é possível com o afastamento total de uma das partes, ou seja, esse conjunto de accionistas deixar de ter participações no BCP. Uma solução radical, portanto.

Esta guerra é o sintoma do crescimento de um banco que está muito maior do que há dez anos. E muito internacionalizado. Possivelmente, uma OPA de um grande grupo estrangeiro seria a melhor solução para resolver de vez os diferendos entre os accionistas. Não acredito nessa treta dos centros de decisão nacionais. O melhor para o BCP é uma boa gestão, não uma gestão com capital português.

Grosso modo, é isto. Sem entrar em histórias de Opus dei, de guerras pessoais entre administradores, de perspectivas de fusões (BCP e BPI), de capital do norte ou do sul, de famílias tradicionais Vs novos ricos.

PS: De louvar a boca aberta de Joe Berardo, que nos vai dando, por monossílabos, alguma informação. Aconselharia, contudo, a contratação de um porta-voz ou o frequência do programa Novas Oportunidades a Joe Berardo, para se exprimir melhor.


segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Little Treasures in iPod



Little Treasures in iPod



O Algarve das tendências sociais

A silly season está aí e em força. Desta feita , para um estudo sociológico interessante, o Algarve é a melhor região e Agosto o melhor mês para uma análise de Portugal. Tal e qual como o país é. Socialmente, o Algarve é uma manta de retalhos. Passo a explicar:

Quarteira, Armação de Pêra, Manta Rota, Monte Gordo, Praia da Rocha - Os locais por excelência da classe média baixa portuguesa (e inglesa), pouco endinheirada, que conta os tostões para uma semaninha de paraíso num hotel de duas ou três estrelas, por vezes com algumas modernices do género jacuzzi, banho turco, mas, sobretudo, hotéis apenas para encher quartos e fazer dinheiro. Os portugueses que sonham todos os anos com estes dias, fartos dos empregos chatos, das filas de trânsito, dos transportes públicos, mas que se contentam em ler a Nova Gente e a Caras (progressão social?), em ver o último reality show, em gastar os trocos que restam com a ilusão de que estão no centro do mundo. Estes ainda são os que podem passar férias no Algarve, pois restam muitos que nem sequer podem.

Quinta do Lago, Vale do Lobo, Vilamoura - O Algarve cada vez menos dos ricos, cada vez mais dos novos ricos. O Algarve do show-off. Dos colunáveis. Do social. Da festa em festa. Aquele em que uma multidão de portuenses e lisboetas (essencialmente) não podem perder a 1ªsemana de Agosto. É mais que religioso. Quem não aparece nesta altura não está na moda. Está fora da tendência, do status-quo. Na noite mais jovem, o Sasha beach e o Nikki beach para uns, o Klube e a Trigonometria para outros. Para os mais velhos, o Ye ye no T-Clube e as festas do Sheraton Pine Cliffs (comer à borla é sempre bom..) ou do Lake Resort. As pessoas, sempre, mas sempre, as mesmas. Encurraladas nas mesmas praias, Ancão e Gigi. Always. É mais importante essa semana no Algarve do que aproveitar para conhecer o mundo, isto para muito boa gente.

Depois há diversos sítios do Algarve onde cada vez mais vale a pena estar, pois não estão na moda e preservam algum apuro estético. É o caso da região de Tavira, algumas praias perto de Sagres, Lagos, Alvor, Carvoeiro, ilha da Culatra (por exemplo). E é sobretudo nestes locais que se sente a existência de um Algarve dos algarvios, com vida própria para além do turismo.

Mais para o interior, vale a pena ver Silves e Monchique.

Cada vez mais acho que quem é realmente independente, distinto e alternativo, foge da tendência, do Algarve fashion. Sobretudo, utiliza a silly season para conhecer mais e melhor, tornar-se mais cosmopolita. E entre gastar 2000 euros numa semana em Vale do Lobo e numa viagem à China, não pensa duas vezes sequer.