sábado, 31 de maio de 2008

Manuela Ferreira Leite

Hoje ganhou a seriedade face ao oportunismo político. Ganhou a inocência face ao cinismo. Ganhou o pragmatismo face à propaganda.

O caminho para 2009 é muito difícil. Uma imprensa pouco dada a respeitar quem não tem todo o treino (toda a superficialidade) à frente das câmaras, não vai fazer vida fácil a MFL. Aliás, os constantes rótulos de "contabilista insensível", pessoa contida e demasiado séria, têm uma tonalidade depreciativa.

O primeiro passo, absolutamente essecial, é escolher um líder parlamentar de qualidade, que não opte pelo populismo.


sexta-feira, 30 de maio de 2008

PlayList



quarta-feira, 28 de maio de 2008

Coisas bem feitas


Cruzamento de duas auto-estradas do tipo "quatro níveis", o expoente máximo em termos de segurança rodoviária, fluidez de tráfego e percepção da direcção seguida.

Em Portugal não existe nenhum cruzamento deste tipo.

De salientar o excelente tratamento paisagístico dado a todo "nó", uma área em que Portugal está cada vez pior; longe vão os tempos em que a J.A.E. (Junta Autónoma das Estradas) dispunha de viveiros próprios de plantas…


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Na televisão portuguesa não consigo ver...

- O que se passa no Paquistão após as eleições em que o partido de Benazir Bhutto, considerado o partido laico por excelência, ganhou e constituiu governo.

- O que se passa na Rússia, após o poder ter sido entregue a Medveded por Putin, uma decisão que terá enorme impacto nas relações entre a Rússia e a União Europeia durante os próximos anos, e terá impacto directo no bolso dos europeus através da política seguida pelo governo, via Gazprom, em relação ao gás natural.

- Como está a situação no Darfur, mesmo tendo a certeza que a violência que se registava contra as populações negras mantém a intensidade, mas agora com um maior número de etnias e grupos armados envolvidos.

- O que se passa no Iraque, que tem muito mais vida (e economia) para além dos ataques bombistas.

- O que se passa na França, onde apenas sabemos o que se passa entre Sarkozy e Carla Bruni e, para além disso, Pauleta e o PSG.

- O que se passa nos EUA, onde ocorrem primárias de um partido que pode levar pela primeira vez, com grande probabilidade, um negro à presidência de um país ocidental desenvolvido.

- Análises decentes aos impactos da recente crise financeira americana, subprime, e aos motivos reais que levaram ao crescimento da inflação na zona Euro, nunca visto nos últimos 10 anos.

Mas vejo sempre...

- As novidades minuto a minuto do treino da selecção. Se o jogador A está lesionado, se o jogador B treina, se o jogador C faz apostas com a namorada, se o jogador D está zangado no clube onde está, se o jogador E vai para outro clube, (...)

- 20 minutos dedicados aos 3 clubes portugueses de maior dimensão, sem nada para dizer de substantivo.

- Uma contagem de mortos, desde o terramoto da China ao ciclone Nargis em Myanmar.

- Uma secção de apanhados, como se um telejornal servisse para entreter e não para informar.

- Uma compilação de política onde se escolhem as tiradas mais surrealistas e pomposas dos políticos, porque o resto não interessa ou dá muito trabalho analisar.

- Uma série de directos, que nada informam e proporcionam aos jornalistas um enorme esforço léxico para transmitir em 10 minutos, o que se diz em 1.

- Uma série de banalidades, que têm como expoente máximo o cigarro de Sócrates.

Tristeza.


Um livro essencial


Turismo Científico em Portugal - um roteiro, Rui Cardoso (coordenação da edição), ASSÍRIO & ALVIM, 2007.


quinta-feira, 22 de maio de 2008

BRYAN FERRY AO VIVO NO CASINO DE ESPINHO


Bryan Ferry apresentou-se no dia 17 de Maio no Casino de Espinho, naquilo que foi o seu décimo concerto em Portugal (o primeiro foi em 1982 com os Roxy Music).

Numa sala muito bem decorada e depois de um belíssimo jantar as luzes apagaram-se e começaram-se a ouvir os primeiros sons da música “The in crowd”, numa versão de arrepiar profundamente alterada/modernizada ainda melhor que o original de estúdio.





Acompanhado de uma excelente banda composta por oito músicos, Ferry transportou a assistência para um mundo da sofisticação, elegância, classe, cor, estilo e elevada sensibilidade; onde cada música se aprecia como se um diamante se tratasse.

O concerto teve momentos de muita intensidade e energia, tal como se poderá apreciar no vídeo abaixo.




All Along The Watchtower, Oliver Thompson na guitarra


Bryan Ferry apresentou-se em grande forma, interagindo constantemente com os seus músicos e com a audiência.

Um concerto para mais tarde recordar, que valeu plenamente os cento e cinquenta euros de ingresso.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Portugal e o mar


Foi há precisamente 510 anos que Vasco da Gama e a sua tripulação chegaram a Calecut (actualmente Índia). A viagem demorou 309 dias (8 de Julho de 1497 a 20 de Maio de 1498). Estava iniciada a globalização do Planeta Terra.

Portugal desde 1975 que, lamentavelmente, se desinteressou pelo mar. As nossas frotas de pesca, de transporte de passageiros e mercadorias, os estaleiros navais, etc., são, actualmente, uma insignificância quando comparadas com aquilo que já foram.

O mar constitui uma riqueza, um passado e um futuro que Portugal não pode continuar a ignorar.


A propósito, deixo aqui uns links relativos a um excelente texto da autoria de Miguel Mattos Chaves, intitulado “O Mar na Geoestratégia de Portugal”.

1ª parte
2ª parte
3ª parte
4 e última parte


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Livros para Timor-Leste

Costa de Manatuto (Manatutu). Fotografia: GERTiL.


Para efeitos de oferta de livros para Timor-Leste, a morada de envio é a seguinte:

Coordenador do projecto de Reintrodução da Língua Portuguesa
Embaixada de Portugal em Díli
Av. Nicolau Lobato
Díli
Timor - Leste


Praia de Baucau (Baukau). Fotografia: TAT.


terça-feira, 13 de maio de 2008

Hotel da Floresta do Bussaco








domingo, 11 de maio de 2008

Manuela Ferreira Leite - a melhor opção


Estamos perante uma situação em que o orgulho e o respeito do PSD como partido de poder está em causa, como nunca esteve. A única candidata, mesmo carregando as suas imperfeições, capaz de salvar o partido é Manuela Ferreira Leite. A única pessoa que é vista pelos seus adversários políticos como absolutamente credível, competente e séria. MFL tem capacidade de juntar os melhores especialistas em todas as áreas se vier a formar governo. Tem bom senso para aprender com os erros do passado, e não repeti-los. Dá ao país uma garantia de diferença de estilo, ao não concordar com a política de propaganda deste governo socialista. É humilde. Transporta uma imagem de frieza que não se pode confundir com arrogância, mas sim com uma sobriedade e distanciamento que um primeiro ministro deve manter a todos os níveis.

Manuela Ferreira Leite é muito criticada pelo seu trabalho como Ministra das Finanças, por comparação com a actual performance do actual detentor da pasta. Discuto a seriedade desse argumento com várias razões:

- A melhoria das contas públicas deve-se essencialmente à prestação do lado da receita. A receita pública aumentou devido, em grande parte, à maior eficácia na recolha de impostos. O mérito desse trabalho cabe, quase exclusivamente, ao Dr. Paulo Macedo, enquanto dirigiu a Direcção Geral dos Impostos.

- Quem nomeou Paulo Macedo para essa função foi Manuela Ferreira Leite. O governo socialista recolheu os louros do trabalho de Paulo Macedo na DGCI. Foi uma questão de timing.

- A situação económica actual, em Portugal, é melhor do que em 2003-2004. O ano de 2003 foi
de recessão económica. A situação económica não era nada favorável para a melhoria das contas públicas.

- O descalabro dos 6 meses do Governo de Santana Lopes não contou com a presença de MFL. MFL manteve a sua posição clara ao não se compatibilizar com Santana Lopes e sair do governo pelo seu pé. Ficou-lhe muito bem.

As habituais vozes dentro do PSD que se afirmam contra MFL não partem das "bases". Devemos considerar como bases os militantes do partido que têm um participação cívica na sociedade, aqueles que para além da sua ocupação profissional ainda arranjam tempo para dar o seu contributo ao partido, ou aqueles cuja ocupação profissional é o próprio partido, sem outra experiência que não a militância e com receio de vir a perder o lugar quando o líder muda? Uma coisa podemos garantir: Os primeiros apoiam MFL e os segundos apoiam os restantes candidatos. Um observador atento do partido tira facilmente esta conclusão. MFL não vem para prometer nada, apenas promete uma dose de realidade. Os restantes candidatos (Santana Lopes e Passos Coelho), habituados que estão a singrar no meio das juventudes partidárias e das estruturas regionais e distritais do partido, sabem que para ganhar esse voto têm de prometer lugares e distribuí-los. E, com esta actuação, conseguem melhores resultados do que aqueles que se previam, dada a performance fraca em sondagens (contra o Governo PS) e os resultados em eleições legislativas recentes.

Adenda: Não vejo problema em transmitir posições públicas em espaços de opinião privada como são os blogues. Na minha óptica, um blogue sem definição clara e antecipada de opinião é um espaço de hipocrisia e calculismo.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

CLAUS PORTO since 1887






Mundo actual

O barril de petróleo atingiu os 126,20 dólares (81,69 euros), em Nova Iorque.


quarta-feira, 7 de maio de 2008

Outro Tempo, Outro Espaço


Os Goeses de Bombaim em 1856

«No meio do nosso abatimento como nação, principalmente na Índia, é espectáculo consolador ver como se conserva vivo, no coração de toda esta gente, o espírito da nacionalidade portuguesa. A maior parte destas famílias, que tanto se prezam do nome português, tem residência fixa em Bombaim, seus membros são cidadãos ingleses, empregados até do governo inglês; e contudo portugueses se chamam, portugueses são de coração, português falam, português escrevem; chamam seu rei a El-Rei de Portugal, cujo retrato, e o da Rainha D. Maria II, se vê em todas as suas casas, acompanhados dos homens mais notáveis de Portugal na época presente. Nó lá na Europa não fazemos ideia do que vale ainda aqui o nome português. É necessário vir à Índia, e especialmente à Índia Inglesa, para criar certo orgulho de ter nascido português. Parece que o domínio britânico, que aliás tem introduzido na Índia todas as vantagens da mais culta civilização da Europa, parece digo que o domínio britânico tem feito radicar no coração destes homens a afeição e amor por esse Portugal, que nada lhes dá, nem pode dar, e donde nada têm a esperar. Em Bombaím há sempre um ou mais jornais escritos em português; há associações e institutos para a educação dos portugueses, sendo um dos primeiros cuidados destes institutos o ensino da língua portuguesa. Em Bombaim se imprimem ou reimprimem quantidade de livros portugueses; e quem falar da língua pode estar certo de achar quem o entenda em todas as ruas desta populosa cidade.»

Cunha Rivara, De Lisboa a Goa, 1856.

(Bombaim foi dado à Inglaterra em 1655)


segunda-feira, 5 de maio de 2008

PlayList



Case study - Sucesso Fiat


A recuperação impressionante da Fiat tem um rosto: Sergio Marchionne. Não é um acaso. Nascido em Itália e educado no Canadá, Marchionne teve uma educação anglo-saxónica. Esse facto contribuiu decisivamente para uma mudança de estilo na gestão de uma empresa outrora 100% familiar. Comunicativo, sóbrio, eficaz e open-minded, Marchionne não destruiu o sistema Fiat, moldou-o para novos desafios. Trabalhou com os políticos, sindicatos e banqueiros italianos, e fê-los acreditar na sua liderança, mantendo sempre presente que era possível reconstruir em vez de destruir e criar diferente.

Quando Sergio Marchionne entra em Junho de 2004, a Fiat, conhecida pelos seus modelos frágeis e pouco apelativos esteticamente, tinha a sua produção industrial a 70% da sua capacidade anual de 2.5 milhões de automóveis. As fábricas italianas eram notoriamente inflexíveis devido ao poder dos sindicatos e à falta de investimento. A dívida líquida do grupo tinha chegado aos 4.4 bilhões de dólares, o cash flow era reduzido, e uma obrigação convertível de 3 bilhões de dólares vencia dentro de 15 meses.

Marchionne começou por estabilizar a situação financeira da Fiat. Saiu bem de um negócio desvantajoso com a General Motors, recebendo ainda uma indemnização de 2 biliões de dólares. Pagou dívidas de longo prazo aos bancos. Reduziu e renovou a administração, colocando gestores mais novos e introduzindo uma cultura de transparência e honestidade. Estabeleceu objectivos claros para a sua equipa e deu-lhes o apoio necessário. Iniciou uma práctica de standardização de partes de automóvel, para que pudessem ser partilhadas pelas 3 marcas do grupo. Antes de 2005, cada peça num Alfa Romeu, mesmo um parafuso, era diferente de uma peça Fiat. Em 2006, o grupo usava 19 plataformas diferentes. Em 2012, terá apenas 6.

A mudança de mentalidade na gestão foi especialmente sentida no design e no marketing. O símbolo da Fiat foi alterado para uma versão vintage, ligeiramente renovada. A imagem de carro fashion foi simbolizada no restyling do Lancia Musa e na contratação da Carla Bruni, uma musa italiana, para fazer o anúncio. Estava dado o mote para uma renovação total do design automóvel. O lema era pensar no que as pessoas valorizavam num carro, e torná-lo emocional, sem excêntricidade mas com risco. Tinha chegado a hora da "engenharia virtual".

Arrumada a casa, o resultado da nova mentalidade chegou com os novos modelos. O Grande Punto, o primeiro modelo da era Marchionne, chegou e convenceu. Com estilo e uma rara sensação de qualidade vista num modelo Fiat, o carro foi um sucesso instantâneo e prevê-se que as vendas cheguem este ano a 1 milhão de unidades. Em 2007, chega o Bravo. Comparemos este modelo com o seu antecessor, o Stilo. A mudança ao nível do design é tremenda, e de facto mostra que a renovação sentiu-se imediatamente no aspecto exterior dos novos automóveis. O Bravo é, de facto, um carro bonito. Vejamos o que costumava ser feito. O Lancia Thesis, arrojado e excêntrico, terminou a sua era com um prejuízo de 1.2 biliões de dólares. O Fiat Multipla, muito inovador, mas pouco apelativo. O Bravo (e o Fiat 500) mostrou-nos outra realidade na transformação da Fiat. A capacidade de desenvolver automóveis em muito menos tempo (desde a escolha do design até à produção), 18 meses contra 26 do Stilo. Deste modo, a Fiat pode gerir muito melhor as expectativas do consumidor, anunciando o design ou o protótipo do automóvel, e lançando-o pouco tempo depois. O design implacável tem o seu ex-libris em dois modelos: o Alfa Romeu 8C Spider e o novo Lancia Delta. São deslumbrantes.

As mudanças reflectiram-se a todos os níveis. A Alfa Romeu deixou de usar motores americanos nos seus carros, e a tecnologia premium da Fiat deixou de ser vendida aos rivais. A nova tecnologia power-train da Fiat permite à marca oferecer motores que cumprem os requisitos de emissões de dióxido de carbono impostos pela Comissão Europeia. É a primeira marca a respeitar as condições impostas pela Euro5, com motores diesel equipados nos seus automóveis. Prepara uma nova vaga de motores, Multiair. Usando uma patente Fiat, o primeiro motor que será lançado no próximo ano será um 80hp de 2 cilindros turbo 900cc, que emite apenas 69g de CO2 por km, apenas metade do exigido pela UE em 2012.

A decisão mais corajosa, se bem que arriscada, é a de lançar a Alfa Romeu no mercado americano (depois do flop dos anos 90). Acho, pessoalmente, que a marca tem tudo para singrar neste mercado. Precisa, no entanto, de se afirmar como uma marca de design e qualidade, nem sempre acessível a todos os bolsos.

Os efeitos deste re-branding total da marca Fiat são claros. Os lucros do grupo chegaram aos 1.1 biliões de dólares no 1º trimestre de 2008, mais 29% que no período homólogo. Já em 2007, o lucro tinha sido superior em 66% face a 2006, chegando aos 3.2 biliões de euros.

Este re-branding ameaça seriamente tornar-se um case study nas principais universidades mundiais.

Fonte: The Economist


domingo, 4 de maio de 2008

Passado recente


«Mas a crise do preço da alimentação é também um momento de ajuste de contas com o passado recente, em países como Portugal. Antes de entrarmos na UE produzíamos mais de metade do que comíamos, tínhamos ainda um mundo rural e agrícola e um país relativamente equilibrado entre o interior e o litoral, a província e as grandes cidades. Mais de duas décadas depois, o que vemos? Produzimos menos de um quarto daquilo que comemos; à força de subsídios, desmantelámos a frota pesqueira e deitámos fora toda uma cultura e saber que demorara gerações infinitas a apurar, passando a importar todo o peixe que vem à mesa; gastámos fortunas a pagar aos agricultores para eles abandonarem os campos ou ficarem sentados a ver em que paravam as modas, sem investir, sem inovar, sem arriscar - até lhes demos uma barragem, a maior da Europa, para eles se distraírem a fazer regadio, já que diziam que as culturas de sequeiro não davam, mas, assim que se viram com a barragem feita, venderam as terras aos espanhóis, agarraram nas mais-valias que os contribuintes lhes tinham facultado e agora só querem regressar ao local do crime para fazer urbanizações turísticas à beira de Alqueva; de caminho, desmantelámos a fileira florestal tradicional, substituindo-a por um oceano de pinheiros e eucaliptos, contribuindo ainda mais para a desertificação e os incêndios de Verão, porque um ex-ministro, hoje muito bem na vida, declarou solenemente que “os eucaliptos são o nosso petróleo verde”; enfim, como resultado último de toda esta clarividência, gastámos os rios de dinheiros europeus que nos poderiam e deveriam ter garantido a solvabilidade e independência económica para sempre, a construir auto-estradas e duas megacidades onde as pontes e os terminais de transportes de toda a ordem nunca são suficientes para acolher o Portugal que fugiu do interior morto.

Assim tornámos o país insustentável (...)»

Miguel Sousa Tavares, no jornal Expresso de 3 de Maio de 2008, excerto do artigo intitulado ENCHE-SE-ME O CORAÇÃO DE TRISTEZA.


sexta-feira, 2 de maio de 2008


Publicidade da Shell de 1964