quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sinistralidade Rodoviária


Como se não bastasse o facto de Portugal ser dos países da Europa com maior taxa de mortalidade devido a acidentes rodoviários, os nossos extraordinários governantes apenas contabilizam os mortos que faleceram no próprio local do acidente, ou seja, os que morrem nos hospitais não contam! Absolutamente vergonhoso. Na minha opinião este falseamento de dados constitui um crime.

Vejamos a seguinte notícia jornal Expresso:

«Morre-se mais nas estradas portuguesas do que dizem os números oficiais. Estudos da PSP e do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) provam que as estatísticas de sinistralidade que o Governo envia para a União Europeia não reflectem a realidade. De acordo com o INML, no primeiro semestre do ano morreram em todo o país 487 pessoas em acidentes de viação e não 347, como diz a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Mais 40%. Em Lisboa os números da polícia, relativamente aos últimos três anos, são o dobro dos registados pela entidade tutelada pelo Ministério da Administração Interna. Em 156 mortes ocorridas, apenas 80 foram registadas.
O Governo sabe que as vítimas mortais de acidentes rodoviários são muito mais do que os números divulgados. Mesmo assim, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, e o presidente da ANSR, Rui Marques, estiveram lado a lado esta semana a anunciar resultados de sucesso em matéria de sinistralidade. Menos 44 mortos até 15 de Setembro que em igual período de 2007. Valores longe de serem os reais.
Desde 1998 o total de mortes que entra na base de dados europeia - para a qual Portugal apenas envia aquelas cujo óbito foi declarado no local do acidente - é aumentado em 14%. Este factor de correcção resultou de uma estimativa feita na altura por autoridades hospitalares, como sendo a percentagem aproximada de feridos graves que faleciam nos hospitais. Informações obtidas junto ao gabinete da Direcção de Transportes da UE dizem que Portugal é o único país que só conta a mortalidade verificada no local do acidente.
Mas, segundo um trabalho feito na Escola Superior da PSP, coordenado pelo comandante do núcleo de investigação de acidentes, uma possível melhoria de eficácia dos meios de socorro tem feito com que as vítimas sejam retiradas dos desastres mais depressa, vindo a morrer depois no hospital, sendo assim subtraídas às estatísticas.
Este estudo, feito por um oficial finalista da Escola, com base em números oficiais da PSP de Lisboa, mostra que as mortes nas unidades hospitalares, eram de 38% em 2005, de 48% em 2006 e em 2007 atingiram os 62%.
A nível nacional essa mesma evidência é dada pelo INML: em 2007 foram autopsiados 1178 vítimas de acidentes de viação, mais 37% que diz a ANSR no seu relatório. Já este ano, a diferença mostra que o factor de correcção devia ser, pelo menos, o triplo. Até 30 de Junho foram feitas 487 autópsias, mais 140 mortes que o número do MAI.
"Este desajuste preocupante", escreve o oficial da PSP na sua investigação, "impede que os valores registados, mesmo com os factores de correcção, representem eficientemente a realidade", sob pena de "neutralizar a estratégia" contra a sinistralidade.»

Fonte: Jornal Expresso, 21 de Setembro de 2008, parte de uma notícia da autoria de Valentina Marcelino, intitulada Portugal esconde mortos nas estradas.


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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Involução


Caminhos de ferro em Portugal

Cada vez mais surgem indícios do declínio (cada vez mais acentuado) de que os caminhos de ferro passaram a ser alvo, em Portugal, desde há trinta e quatro anos para cá. Já aqui e aqui me referi a aspectos absolutamente lamentáveis; vejamos mais um exemplo inacreditável:

«O último acidente na linha do Tua pode ter sido causado por um abatimento do terreno daquele troço da via férrea.»
«A causa mais provável é que o acidente tenha sido provocado por uma ligeira inclinação da via, no local onde aconteceu o descarrilamento, alegadamente provocada por um abatimento da linha. Porém, a CTI não encontra explicações para esta situação ter ocorrido, admitindo-se vários cenários, que passam pela abertura de uma vala que a Refer fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica, dois meses antes do acidente. Por outro lado, a falta de investimento na via férrea também pode ser outra explicação já que o estado de degradação da estrutura é elevado. Nos últimos 15 anos, o troço entre Mirandela e Cachão, onde aconteceram os mais recentes acidentes, não tem sido renovado.»
Fonte: jornal Diário de Notícias, 23 de Outubro de 2008.

Relatório final do inquérito, sobre o acidente na Linha do Tua de 22 de Agosto de 2008, divulgado hoje: «A via no local do acidente apresenta defeitos grosseiros e facilmente identificáveis e suficientes para justificar a ocorrência do descarrilamento».


domingo, 26 de outubro de 2008

RANGE ROVER


A classe britânica em todo o seu esplendor.


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mundo actual (II) - Estado da Educação em Portugal

Num mundo globalizado de elevada concorrência, onde os países ocidentais cada vez mais competem directamente com os BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) em vários domínios da economia, é essencial apostar nas indústrias do conhecimento. Para formar clusters em determinados sectores, é indispensável a existência de um pré-requisito: universidades reconhecidas com produção científica de qualidade.

Em Portugal, tristemente, a política de educação adoptada desde o 25 de Abril tem sido um absoluto desastre. O tema que pretendo lançar no blog é o estado da educação em Portugal.

Em primeiro lugar, o modelo de gestão das escolas públicas é profundamente retrógrado. Actualmente, as escolas não têm a possibilidade de poder competir pelos melhores professores, de estabelecer os seus objectivos, de avaliar livremente os seus professores, de poder escolher os seus alunos. No fundo, não podem actuar como entidades autónomas e competitivas. Será tão difícil sequer pensar numa realidade oposta? Em Portugal, sim. Sobretudo, porque temos um Ministério da Educação que tudo centraliza. Uma entidade que decide pelas escolas. Um sistema que não as responsabiliza.

Em segundo lugar, todos os trabalhadores devem ser avaliados pelo seu trabalho. Tanto mais, sendo ele de tamanha importância para o futuro do país. Quanto mais temos de esperar por um modelo de avaliação dos professores? Será assim tão difícil construir um sistema de avaliação que corte radicalmente com um passado de progressões automáticas e direitos adquiridos? O que temos actualmente é um esboço de avaliação, baseado em 4 critérios absolutamente gritantes, que nem sequer devem ser sujeitos a discussão. Fazem parte do pré-requisito de ser professor.

Em terceiro lugar, a total ausência de responsabilização do aluno ainda se torna mais grave tendo em conta que o sistema, ao tentar desculpar o aluno mal comportado, não o está a preparar para singar na sociedade, através do mérito e do trabalho. O aluno mal comportado não merece desculpa. O respeito pelo adulto deve ser ensinado em casa, mas na escola tem de ser reforçado, ou mesmo imposto. Todos estes anos de escola "inclusiva" não serviram para activar mecanismos de punição ao aluno irresponsável, que apenas prejudica aquele que quer aprender. Mas como pode uma escola agir contra o aluno que transgride, se não tem os instrumentos e o poder para tal? Como pode fazê-lo, se o processo é altamente burocrático?

Em quarto lugar, a escola "inclusiva" banalizou a obtenção de um nível secundário de educação e de um diploma universitário. Será assim tão difícil considerar uma estratificação do ensino, como existe actualmente na Alemanha e França? Países onde os melhores alunos seguem diferentes percursos em escolas e universidades de nível mundial e com currículos adaptados. Para formar elites, é indispensável diferenciar e dar condições.

Em quinto lugar, como está a escola profissional em Portugal? Porque não se considera de uma vez por todas a aposta neste tipo de escolas que oferecem cursos que podem preparar técnicos em variadíssimas áreas, que Portugal bem precisa.

Por último, num contexto de competição global no domínio da alta tecnologia, não será de repensar os currículos escolares assentes em matérias desactualizadas dos anos 70 e 80? Quando verificamos que a nossa economia se está a reestructurar no processo de fabrico, de produtos de baixa tecnologia assentes em manufacturas de capital intensivo, para bens de tecnologia média/alta, constatamos que precisamos de mais engenheiros, químicos, físicos, matemáticos e informáticos. Certamente que, num contexto de decadência económica continuada e enraizada, a nossa prioridade não devia ser a formação de psicólogos, jornalistas e advogados. Os currículos devem, definitivamente, ser repensados. Não quero, contudo, que se opte por dar menor atenção aos programas de história, português, filosofia, sociologia. Temos obrigação de fornecer a melhor formação no domínio das humanidades, o que não acontece actualmente.

Seis pontos que considero essenciais discutir, numa profunda reforma educativa que se exige.


Ilhas Selvagens: O extremo Sul de Portugal


















BLOG DAS ILHAS SELVAGENS
BLOG DAS ILHAS SELVAGENS

Um blog de Pedro Quartin Graça


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mundo actual (I) - Globalização do sistema financeiro

Estamos perante uma crise económica despoletada pela derrocada de parte do sistema financeiro mundial. Num contexto de elevada prosperidade da real economy mundial, que registou o maior crescimento de sempre em 2007, uma bolha no mercado imobiliário nos EUA, que se pensava concentrada, atinge subitamente todo o sistema financeiro e a indústria.

Os motivos da crise não são obscuros como se pensa. Contudo, na minha opinião, a crença de que por trás de toda esta situação está a ausência de poupança nas economias ocidentais é falsa. O argumento principal é o de que nos últimos 15 anos as economias ocidentais têm sido impulsionadas por uma política de baixos juros, acesso fácil ao crédito e incentivos ao consumo privado. Este argumento é falacioso. O objectivo central de um governo deve ser o crescimento económico equilibrado, apoiado por políticas que favoreçam o emprego e mantenham a inflação baixa. Se foi possível baixar os juros nos últimos 15 anos, foi graças ao sucesso obtido no crescimento económico e na contenção da inflação. A concessão de crédito simplesmente não depende directamente dos governos, que apenas pode melhorar os mecanismos de regulação.

Depois, podemos verificar que países com elevados níveis de poupança são directamente afectados pelas crises financeiras, como a Suiça ou o Japão, sem mecanismos extraordinários de salvaguarda que os coloquem a salvo da crise internacional. Para comprovar este argumento, veja-se a crise asiática de 1998, com grande quantidade de defaults de países com elevados níveis de poupança.

Na minha opinião, esta crise é explicada pela falta de regulação e pela elevadíssima integração do sistema financeiro. A falta de visão orientação do SEC (US Securities and Exchange Commission) nos anos 90 permitiu aos bancos de investimento americanos separarem-se da regulação imposta aos bancos comerciais. Permitiu ainda a abolição do limite do rácio de alavancagem (rácio de capital próprio para dívida) de 1 para 12. Estas medidas incentivaram os gestores destes bancos a assumir de ano para ano maior risco nos seus investimentos, segundo uma política de bónus que premeia aumentos de lucros tendo sempre como base o próprio ano. A exigência de maiores lucros implica maior risco nos investimentos. E como eram financiados os mesmos? Através das receitas obtidas com as emissões sucessivas de obrigações sobre a própria dívida. Ora, não é de estranhar que, no final de 2007, o rácio de alavancagem dos bancos de investimento americanos rondasse os 1 para 30. O castelo de cartas facilmente se desmoronou, no momento em que se percebeu que uma parte considerável dos activos dos bancos de investimento tinha um valor de mercado muito abaixo do contabilístico. O mesmo se passou com os bancos comerciais e as hipotecárias. A ausência da mais elementar regulação, controlo e garantia, na atribuição de empréstimos e hipotecas a quem não podia manifestamente pagar (ou assumiu que a valorização constante das casas pagaria por si), levou a uma progressiva avolumação de dívida e, consequentemente, à descoberta de activos tóxicos.

A elevada integração do sistema financeiro levou a uma globalização da crise. Dos activos tóxicos pertencentes aos bancos comercais americanos e às hipotecárias, a situação alastrou-se para os bancos de investimento americanos que tinham investido nesses activos, suportados por elevada alavancagem; de seguida a onda alastrou-se para os bancos europeus e asiáticos que tinham investido em obrigações e fundos de investimento dos bancos americanos; quando os bancos começaram a apresentar elevados prejuízos e enquanto os instrumentos financeiros perdiam sucessivamente valor, os bancos começaram a restringir o crédito e a não emprestar uns aos outros; por fim, a real economy era afectada pela ausência de crédito e sem crédito não há investimento e criação de emprego.

Deste modo, toda a regulação deve ser repensada. Senão continuaremos a ter negociatas, conivências, fraudes, irresponsabilidade, falta de informação e ausência de princípios, no cerne do sistema financeiro mundial. Veja-se o caso Enron, pois parece que nada se aprendeu desde aí.


Nivelamento por baixo


«Somos o único país da Europa e, por ventura, do mundo que não tem guardas florestais. Não matava o orçamento de estado manter aquilo» [obra de José Sócrates]

Nuno Gomes Oliveira, extracto da entrevista ao Jornal Público (versão na internet), 20 de Outubro de 2008.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Líderes europeus à procura da solução para a crise



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

LAND ROVER DEFENDER


1948 - 2008

O Land Rover Defender está de parabéns faz 60 anos de produção! Um caso raro de longevidade na indústria automóvel.


sábado, 11 de outubro de 2008

Paradoxos da sociedade actual: A actual crise económica (ser menos que parecer)

Não deixa de ser curioso que numa altura em que muitos "intelectuais" proclamavam a cada vez menor importância dos estados (face às grandes empresas) e muitos "gestores" (que se calhar nunca viram uma laranja a nascer de uma laranjeira) a privatização de tudo e mais alguma coisa, venham agora os especuladores, que nos últimos anos receberam prémios milionários por gestão danosa, pedir auxílio aos respectivos países de origem.

Houve um tempo em que alguém, sobre o ser humano, afirmava: ser mais que parecer. Que diferença...


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Jardins da cidade do Porto - 3







Parque da Fundação de Serralves, antiga propriedade do segundo Conde de Vizela - Carlos Alberto Cabral.


sábado, 4 de outubro de 2008


«As lágrimas são o mais vivo do sentimento, porque são o destilado da dor; são o mais encarecido dos louvores, porque são o preço da estimação; são o mais efectivo da consolação, porque são o alívio da natureza.»
Padre António Vieira.

À memória do meu Avô Alfredo Lopes Martins de Carvalho.


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

David Bowie


David Bowie: Um grande......actor!