sábado, 15 de dezembro de 2007

O problema dos identitários

Numa Europa pós-2ªa guerra mundial nunca foram tão importantes as questões identitárias numa sociedade cheia de imigração e migrações, intensamente globalizada e cuja ideia de federalismo da UE pretende de certa forma transformar a Europa num bloco económico, aliado a uma motivação e "credo" político, de modo a competir com os EUA, Rússia e o eixo Índia-China. As questões identitárias têm-se levantado essencialmente em países europeus com elevados standards de qualidade de vida, como a Suiça e a Áustria, em que as questões económicas já não levantam discussão. As economias funcionam bem, por isso não é urgente tocar nesse ponto. E nesse sentido há outros temas que agitam a opinião pública, como a perda de soberania e a imigração, e que impulsiona os chamados partidos identitários. Ao nível de decisão da UE, cada vez mais, a política é conduzida pela economia (e demografia). Boas economias dão condições para obter poder militar, de decisão. As questões identitárias, sempre importantes para os cidadãos, perdem influência nos corredores do poder.

Aqui desafio a República dos Desalinhados, e outros blogues identitários, para debater e tentar compreender o porquê do pouco sucesso da identidade como factor de decisão em Portugal. Na minha opinião, cada vez mais factores económicos e de competitividade pressionam as populações e os governantes a "deixar de lado" a promoção da língua, o controlo de fluxos migratórios e a soberania portuguesa. Veja-se o exemplo das aulas dadas em inglês nas universidades portuguesas.


1 Comentários:

Às 17 de dezembro de 2007 às 01:17 , Blogger Miguel Vaz disse...

Antes de mais, agradeço a referência e o desafio, mas aproveito para esclarecer que não me classifico como "identitário" ;P

Quanto à razão do "pouco sucesso da identidade como factor de decisão em Portugal", podemos explicá-lo como sendo um "dado adquirido" no nosso país. A promoção e defesa da identidade (cultural, linguistica e étnica) tem tido mais sucesso em regiões em cujos povos se sentem ameaçados na sua especificidade, tanto pela imigração desregrada como por um Estado centralista e normalizador. Isso é particularmente evidente em casos como a Flandres, a Alsácia e a Catalunha, que contam com partidos (Vlaams Belang, Alsace d'Abord e Plataforma per Catalunya) claramente identitários e com relativo sucesso eleitoral. Na Suiça e na Áustria verificou-se o êxito de partidos conservadores que defendiam medidas restritivas quanto à imigração, o que é diferente de que se entende por "identitário". Em Portugal uma unidade aparente quanto à língua e à cultura vai relegando a questão da identidade para um segundo plano.

 

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