terça-feira, 28 de agosto de 2007

Venha uma OPA internacional


O que se passa no BCP é inacreditável. Começo a pensar que esta situação de instabilidade talvez favoreça alguém. Vamos ao que interessa. A crise não começou com a OPA falhada ao BPI mas sim muito antes dela. A sucessão de Jardim Gonçalves adivinhava-se difícil e, como demonstram os factos, não correu bem. Para já, foi nomeado um administrador para presidente executivo do banco que estava num cargo intermédio na cadeia hierárquica, e isso suscitou algum sentimento de injustiça nos administradores que ocupam cargos mais altos. Depois, devido às conotações de Paulo Teixeira Pinto com a Opus Dei, pôs-se a questão de favorecimento. Adiante, os falhanços da compra de um banco romeno (porque um concorrente pagou mais) e da OPA sobre o BPI, puseram em causa a estratégia de expansão do BCP. O mau-estar provocado por estes acontecimentos levou a que o Conselho Geral e de Supervisão liderado por Jardim Gonçalves, uma espécie de assembleia de iluminados com excessivo poder na nomeação da administração executiva, colocasse em dúvida a performance da administração que nomeou. Isto levou um conjunto de accionistas que não se sentem representados por esse Conselho Geral e de Supervisão a apoiar indirectamente Paulo Teixeira Pinto contra Jardim Gonçalves. Conclusão, o que se passa é uma luta de poder entre dois grupos de accionistas.

Contudo, esta luta de poder não tem sido feita de forma subtil. A vergonha das Assembleias Gerais que não resolvem nada transparece completamente na comunicação social. As críticas de diversos accionistas tal como Joe Berardo, aumentam o sentimento de desordem e confusão. As suspeitas de sabotagem do sistema informático na AG de 6 de Agosto ridicularizam o banco a um nível internacional. A intenção demonstrada por Rogério Alves, que representa como advogado a Teixeira Duarte, de resolver as divergências numa nova AG, mas desta vez com mais resguardo da comunicação social, parece-me impossível quando os principais protagonistas utilizam os media a torto e a direito para mandar mais achas para a fogueira. Finalmente, Jardim Gonçalves, tem a atitude mais hipócrita quando sugere a demissão de Paulo Teixeira Pinto. Sobretudo quando o fundador do banco tem responsabilidades directas na situação a que o banco chegou.