segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rescaldo das Autárquicas



Breves comentários acerca das eleições autárquicas:

  • É de lamentar o homicídio que ocorreu ontem numa mesa de voto em Vila Real. O sufrágio fica manchado e marcado pela primeira morte em locais de votação desde o 25 de Abril.
  • Vitória do PSD nas eleições, com a conquista de mais câmaras e, por inerência, a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Porém, há que assinalar o crescimento interessante que o Partido Socialista teve, salientando sobretudo a conquista de câmaras emblemáticas como Beja e Leiria. CDU resiste como 3ª força política autárquica, com resultados bastante satisfatórios em Lisboa e no Porto. Bloco sai como grande derrotado da noite, enquanto que o CDS/PP acaba por ter um resultado de difícil análise, visto ter concorrido em coligação com o PSD em dezenas de concelhos.
  • Vergonha é o mínimo que posso referir quanto aos resultados de Gondomar e Oeiras. Se no caso de Gondomar ainda compreendo que haja algum caciquismo e excessiva dependência das populações face ao poder autárquico, já em Oeiras (concelho com maior PIB per capita do País e com maior número de licenciados e doutorados) a vitória de Isaltino confirma que em largas partes da sociedade existe uma sobreposição de outros valores sobre a ética. Para reflectir...
  • No Porto, Rui Rio "pulverizou a concorrência", com o reforço da % de votos e a manutenção da maioria absoluta. Foi impressionante a festa centenas de cidadãos fizeram nos Aliados (a fazer lembrar as vitórias do FCP), o que é demonstrativo da força de um projecto sério, competente, determinado e capaz. Elisa Ferreira perdeu as eleições no póprio dia em que anunciou a sua candidatura.
  • Por fim, Lisboa. António Costa tem uma grande vitória na Capital e sobretudo mais mérito tem quando a esquerda não se uniu em torno de um candidato (contrariamente à área política do centro-direita). Pesou, quanto a mim, a desconfiança de alguns eleitores face aos casos protagonizados por Pedro Santana Lopes enquanto líder do Governo há alguns anos atrás. Apesar disso, e para quem viu alguns debates entre os candidatos, parece claro que Santana Lopes estava indubitavelmente melhor preparado em diversos dossiers do que António Costa e, acima de tudo, garantia uma maior independência face ao poder central.