sábado, 10 de outubro de 2009

Radar Europeu (II)

Após o difícil e moroso processo de assinatura do Tratado de Lisboa pela Polónia, só resta a República Checa. Irónico que os últimos países a ratificar o Tratado de Lisboa sejam aqueles que, tendo em conta a sua evolução histórica nos últimos 20 anos, tenham motivos mais sólidos para se submeterem às decisões da União Europeia. Como observador atento, esperava que os apoios recebidos provenientes da CEE/UE à Polónia e República Checa durante os primeiros anos após a queda do muro de Berlim, o crescimento económico sustentável e elevado destes países após a adesão, a abertura de um mercado único para os empresários checos e polacos, a afluência de Investimento Directo Estrangeiro europeu para esses 2 países, a estabilidade cambial de pertencer à UE, fossem totalmente recompensados por uma lealdade institucional maior. Aqui evoco sobretudo interesses económicos porque os mesmos, cada vez mais, definem as estratégias políticas de longo-prazo. No entanto, A Polónia e a República Checa são actualmente os países que mais colocam em causa as actuais orientações políticas da UE. São os mais eurocépticos.

Não considero correctos os argumentos de que a Polónia e República Checa querem manter independência das posições europeias face aos EUA de Obama, agora que essas divergências não são críticas. Não considero também que esses 2 países se queiram constantemente demarcar das posições europeias face à Rússia visto que o eixo franco-alemão tem mantido uma posição uniforme nesse aspecto. No entanto, as razões evocadas pela República Checa como condição para assinar o Tratado de Lisboa ainda correspondem a resquícios da 2ª guerra mundial (através da obtenção de uma cláusula que evite exigências de retorno das propriedades confiscadas por Praga aos alemães dos Montes Sudetas em 1945). Estranho que os critérios principais não sejam económicos, mas sim de rivalidades e circunstãncias que julgaríamos ultrapassadas mas que continuam a ter impacto na política interna desses países.

Mesmo tendo dúvidas sobre uma questão tão complicada como a ideia de uma política externa europeia unificada, subentendida no Tratado de Lisboa, considero que se a UE apostasse a sério numa política de defesa comum, aí os interesses seriam convergentes. Sobretudo num contexto competitivo de larga-escala e de potências com poder a nível mundial.