domingo, 16 de agosto de 2009

Cinema alternativo americano - Jim Jarmusch


"Os Limites do Controlo", o mais recente filme de Jim Jarmusch, estreou-se na semana passada em Portugal. Jarmusch, americano do Ohio adoptado por Nova Iorque nos anos 70, assina com ele a sua primeira obra integralmente "estrangeira": todo o filme se passa em Espanha, entre Madrid e a Andaluzia. É uma fábula, que convoca rituais de filme negro e ideais de samurai para descrever a missão de um assassino contratado. Com muitas pausas e muitas esperas - "um filme de acção sem acção", diz Jarmusch na entrevista - preenchidas com a observação e a escuta de um mundo - pintura, música, ciência - palpitante de diversidade.

Excertos de uma entrevista ao realizador:

"... Mas o tema da consciência tem uma amplitude filosófica inesgotável, preocupou todo o tipo de pensadores nos últimos milhares de anos, e é a questão essencial do filme: o que é que faz com que um indivíduo seja um indivíduo? Que tenha a sua consciência e não uma consciência ditada por outros? Que siga o seu caminho em vez de ir atrás do rebanho?"

"Desconfio, por natureza, da cultura de massas, e angustiam-me os seus cada vez mais perfeitos métodos de controlo do seu poder de persuasão. A maneira como leva as pessoas a abdicar da sua própria imaginação e a substituí-la por uma imaginação prefabricada. A decidir o que é aceitável e a pôr de lado o que não é, e a violência com que o faz. É um poder cada vez mais refinado. Eu próprio às vezes dou por mim com coisas que a cultura de massas pôs na minha cabeça. E tenho que fazer um esforço para as tirar de lá, porque não quero que elas lá estejam..."

Fonte: Ípsilon