quarta-feira, 29 de julho de 2009

Uma oposição realista não chega

Manuela Ferreira Leite, e bem, já enunciou claramente quais os riscos de manter tanto uma dívida pública como uma dívida externa a níveis insustentáveis para o futuro do país. É essencial falar verdade sobre este assunto que irá certamente influenciar as condições de vida dos portugueses das gerações mais novas. No domínio da dívida externa, o panorama é negro. De um país de génese industrial/agrícola, de clusters específicos relevantes, de exportação de produtos manufacturados, cada vez mais nos deslocamos para um país terciário, focado em serviços imobiliários, turismo, banca e seguros. Cada vez mais temos licenciados em marketing, direito, gestão hoteleira, recursos humanos, e menos engenheiros, biólogos, matemáticos.

Uma análise atenta e realista ao nosso país e verificamos que não temos clusters no sector automóvel, nos textêis, nas infraestructuras de telecomunicações, nas energias renováveis, na saúde. Em todas estas áreas, há sempre um ou mais países europeus com uma cadeia de valor sectorial mais integrada, desenvolvida e preparada para os desafios de futuro. Se queremos ser um país que apenas aposta na etapa final da cadeia de valor, a distribuição, então estaremos completamente dependentes de orientações externas que nos reduzem a um país sem poderes nos palcos internacionais.

Se o PSD se quer afirmar para vencer as eleições, tem de apresentar um programa revolucionário e pessoas de enorme coragem política. Não basta dizer qual o caminho a não seguir. Tem de o indicar e de se preparar para reformar o que em Portugal parece irreformável: a educação, a justiça e o sistema político.


4 Comentários:

Às 29 de julho de 2009 às 23:36 , Blogger Nuno Carvalho disse...

Certíssimo.

O caminho não é fácil. Para isso será necessário ter líderes de grande mérito, inteligência, rigor, seriedade, sentido prático, idoneidade, patriotismo e com uma visão histórica e alargada da realidade. Os corruptos, os medianos, os traidores, a gente falsa, os politicamente correcto, gente para quem o interesse nacional nada interessa, os sem ideias, os “lambe botas”, não podem – lamento - governar um País com quase 1000 anos de existência. Não quero ver Portugal reduzido, cada vez mais, à insignificância. Não quero ver Portugal reduzido a um país de criados (turismo).

 
Às 30 de julho de 2009 às 18:26 , Blogger margarida disse...

'Primo', isto não é bem assim... - cada vez temos mais engenheiros, biólogos, matemáticos e etc...
A verdade é que a aposta no desenvolvimento da ciência (investigação e desenvolvimento)aumentou no últimos anos.
Quanto ao resto, de acordo.
:)

 
Às 30 de julho de 2009 às 20:50 , Blogger Gonçalo Pereira disse...

Cada vez temos mais engenheiros. biólogos, matemáticos em termos absolutos. Em termos relativos não. E como é óbvio estou a falar em termos relativos.

O investimento em I&D certamente que aumentou em termos absolutos nos últimos anos. Em termos relativos, estamos muito abaixo dos níveis europeus e americanos. E oportunisticamente, em tempos de crise corta-se o investimento em I&D.

 
Às 30 de julho de 2009 às 20:55 , Blogger Gonçalo Pereira disse...

Nuno, temos mais exemplos de má governação em povos com tradição milenar. Como se devem estar a sentir os persas (governados por uma ditadura da religião) e os gregos (envoltos em corrupção e desenvolvimento medíocre).

Quanto ao facto de sermos um país de criados, é cada vez mas uma realidade se apostarmos em indústrias (como o turismo) em que praticamente não há valor acrescentado no produto vendido. E altamente dependentes de determinados mercados chave.

E o que dizer da elevada dependência de várias empresas de média dimensão portuguesas em relação à Autoeuropa?

 

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