domingo, 11 de janeiro de 2009

Mundo actual (VII) - Palestina


Não consigo imaginar a paz no território Palestiniano sem a erradicação total do Hamas e do Hezbollah. A presença e a provocação constante de duas organizações armadas junto das fronteiras com Israel simplesmente levam este país a retaliar. E, naturalmente, a retaliar com a violência legítima (por vezes exagerada, admito) de quem vê a sua fronteira atacada diariamente por rockets vindos do Sul (Faixa de Gaza) e ameaças constantes vindas do Norte (Líbano). Todos os esforços por parte do Egipto, um país que se tem comportado de forma responsável em conjunto com a Autoridade Palestiniana, não têm qualquer impacto na cena internacional. Sobretudo porque os esforços egípcios não são sequer alvo de discussão pelo Hamas e o Hezbollah, que são orientados e apoiados (na logística e financeiramente) pelo Irão e pela Síria. A esquerda selectiva e comprometida esquece-se que a proposta de cessar-fogo egípcio não foi aceite pelo Hamas e que, do ponto de vista desta organização, os combates devem continuar até que Israel sofra uma dura derrota.

A solução implica por isso comportar os custos de uma guerra total com o Hamas e o Hezbollah até à sua extinção, ou por uma pressão internacional fortíssima (que junte os EUA, a China e a Rússia) contra o Irão e a Síria para que deixem de apoiar estas organizações terroristas. Tenho as maiores dúvidas que o mandato actual da ONU no Líbano que, ao abrigo da Resolução 1701 tem por obrigação desarmar o Hezbollah, tenha o sucesso pretendido de neutralizar esta organização. Recorde-se que este mandato fora aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU em Julho de 2006. Acontece que, pela natureza de força pacifista da ONU, não acredito que esta força internacional (onde estão tropas portuguesas) tenha a capacidade e a coragem de desarmar uma organização terrorista, em que implicaria entrar em cenários de guerrilha e de combate rua a rua para atingir os seus objectivos. Ainda por cima tendo em conta que o Hezbollah tem a sua protecção assegurada pelo Irão e Síria e por isso não se move apenas por agendas e circunstâncias locais.

Israel, atacada por várias nações árabes em 1948 e 1967, respondeu duramente a esses ataques. Caso não o tivesse feito, provavelmente não existiria. Este exemplo reforça a minha ideia de que a questão da proporcionalidade é simplesmente ridícula. É um argumento falacioso ainda mais quando o Hamas utiliza civis como escudos humanos e bombistas suicídas. É hipócrita porque se passa muito pior actualmente no Darfur e no Congo e essas populações não têm 1/10 da atenção mediática, do apoio humanitário e da solidariedade internacional.

(Continua)