O estado do ensino em Portugal
«Chegamos a este ponto, como o culminar de um longo processo de desagregação do ensino em Portugal. Não sei o que andou a senhora ministra a fazer durante o seu período de escolaridade, lá nos idos anos sessenta e setenta. O que tenho a certeza absoluta, é que deve recordar-se com nostalgia, daquilo a que na altura se chamava o "respeitinho" e que afinal tinha tradução directa na palavra disciplina que não por mera coincidência, designa também as diversas matérias leccionáveis. O actual regime destruiu a escola primária, abastardou o ensino secundário e vulgarizou até à exaustão, a universidade. Hoje, tudo é negócio e fazem-se fornadas de licenciados semi-iletrados, como dantes se despachavam à pá os papo-secos quentes nas padarias do bairro. Tudo se tornou numa questão de estatística para apresentar à Europa, decerto espantada pelo baixíssimo nível - que por lá também vinga, diga-se - de um ensino que não ensina. Liquidaram as escolas técnicas, como se de coisa fascista se tratasse, esquecendo-se do exemplo soviético, tão querido pelos senhores que pretensiosamente re-estruturaram a escola-modelo dos nossos tempos. Hoje não temos electricistas, soldadores, carpinteiros, serralheiros, estucadores ou vidreiros habilitados. Temos hordas de advogados - que tão bem dirigem o país desde há 170 anos -, engenheiros de táxis, arquitectos de obscenidades mamarráchicas e, claro está, os famosos sôdotores, uma praga que faz desvanecer até à insignificância, as do velho Egipto. Esta gente que manda, ainda não percebeu que o contribuinte não pode ser obrigado a pagar a escolaridade a quem não quer aprender. A oportunidade deve ser universal, mas a selecção pelo mérito deverá regressar.»
Nuno Castelo-Branco no
Blog Estado Sentido.
1 Comentários:
O problema, Nuno, é quando em vez de ovos arremessarem outras coisas!
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