sábado, 1 de novembro de 2008

Mundo actual (III) - Obamania


Entendo que o mundo "sofisticado" esteja farto da arrogância dos neo-conservadores que constituíram de facto a marca da administração Bush. Entendo que os politicamente correctos do costume não apreciem a retórica realista mas inconveniente dos EUA sobre os esforços de guerra do Iraque, Afeganistão, Darfur, e a incapacidade europeia de estar à altura nos apoios concedidos à NATO.

Já não entendo que se deixem levar tão facilmente por um político, Obama, que ainda tem muito a provar e ainda muito pouco fez em cargos executivos para merecer a distinção de quem realmente lutou pela mudança. Não concordo com as políticas económicas de Obama: proteccionistas, injustas para quem enriquece e prejudicial para os países em desenvolvimento, como o México por exemplo. Não creio que o panorama de relações transatlânticas melhore com Obama, muito menos a relação dos EUA com o denominado "Eixo do mal".

No entanto, reconheço e felicito a mudança saudável que ele próprio encarna. Não o político Obama, mas o homem.

O homem, Barack Obama, só por si, traz a novidade. Admiro-o, prezo imenso o facto de finalmente um negro atingir o topo da política americana, e o mesmo se pode dizer, do mundo ocidental. Aprecio a capacidade de retórica de Barack Obama. Um homem inteligente, culto, que sabe comunicar e escutar. Presumo que tenha a liberdade e a astúcia suficiente para se adaptar às circunstâncias difíceis dos problemas que o esperam. Admiro a capacidade de se distanciar dos problemas raciais do seu país, de falar por uma só voz, e de ter tido a perspicácia de se demarcar de certos comentários feitos pelo seu antigo pastor, por colegas de partido e, acima de tudo, de ataques demagógicos ao seu adversário John Mccain.

Não me importo que Obama seja o próximo presidente dos EUA. Mas transtorna-me a legião de apoiantes sofisticados que o próprio tem na Europa/Mundo. Esses apoiantes sofisticados são os tais que não admitem sequer uma política externa activa americana. A política externa de Obama, quanto mais se afastar da visão da esquerda sofisticada, mais se enquadra no estilo liderante de Ronald Reagan. Esse estilo tem, definitivamente, o meu apoio.