sábado, 6 de fevereiro de 2010

Arctic Monkeys @ Campo Pequeno 4/2/10

Um vento (bem quente, ironicamente!) vindo do Árctico assolou o Campo Pequeno na última 4ª feira.

Ouvimos o último álbum dos Arctic Monkeys e notamos que a coisa está substancialmente diferente. A coisa tem sido mais que documentada. Parece que Josh Homme conseguiu mesmo colocar uma ponta de “juízo” na cabeça destes rapazes - em tudo o que isso tem de bom e mau. Perdeu-se a espontaneidade juvenil que o rock pedia há muito, ganhou-se uma mesma banda capaz de se reinventar e ainda assim não menosprezar por completo o passado.

Ao contrário do caótico concerto de 2007 – é óptimo para estabelecer comparações – a banda não distribui pólvora logo à primeira canção. "Dance Little Liar" não é dada a euforias e pode muito bem ser o início perfeito para esta digressão dos britânicos. Está lá tudo. Arranjos mais trabalhados, eles mais contidos e arranjados e com cabeleiras bem mais esticadas. Com "Brianstorm" o espectáculo ganha cor e imagem – surgem dois ecrãs que se dividem em dois ou três consoante o espectáculo o peça e as luzes que estão na retaguarda da banda. Dá a ideia de que estamos a assistir a um filme rock, um DVD ao vivo da banda de Alex Turner e companhia. Resulta.

Ouvimos tantas canções de Humbug como dos dois discos anteriores. Podemos preferir o novo álbum, mas é com a performance de "I Bet You Look Good On The Dance Floor" que voltamos a acreditar no rock, tal como em 2006. A cada canção dos dois primeiros discos a plateia entra em euforia e a bancada perde a compostura – vislumbramos trintões de fato a dançar ao som de "When The Sun Goes Down", outro dos momentos de celebração total. Em novos temas como "Crying Lightning", "My Propeller" e "Potion Aproaching" – tudo excelentes canções – a chama não se perde. Viria a perder-se, sim, mas só no final. Com “Secret Door", "Cornerstone" e "505" – tudo com um intervalo para encore no meio – fecham o concerto de forma introspectiva, bem diferente daquilo que fizeram em 2007 – esse concerto óptimo para estabelecer comparações.

Resumindo: em 2007, os Arctic Monkeys eram um poço de inesgotável energia que tornava cada concerto num óptimo pretexto para largar frustrações. Em 2010 estão bem mais contidos, arriscam mini-jams (propositamente estragadas) que anunciam o fim de uma canção e, acima de tudo, são melhores músicos. Nota-se.

Na primeira parte, os Mystery Jets mostraram aquilo ao que vêm: são rapazes cheios de truques, melodias trauteáveis e iguais a muitas outras bandas indie-pop banais que têm os Kooks como foco principal.