terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Apontamentos sobre o BCP

- Muito falam os empresários portugueses mas ficam sempre do lado seguro do poder. Um país de favores, de promessas, de cunhas, de compadrios e do chamado "respeitinho". Uma junção de interesses que consegue por lado a lado Joe Berardo e Teixeira Duarte, BPI e Santos Ferreira, e muitos outros, cujo interesse mútuo desbrava caminhos. Provavelmente (alguns) não tiraram ilações sobre a recompra de acções por via de off-shores. Não precisaram, ninguém lhes imputou responsabilidades.

- Cadilhe tem uma grande vantagem. Tem currículo e independência para se candidatar contra o bloco de interesses, liberdade suficiente para perder e recompor-se.

- Por não me agradar este bloco de interesses, não me importa nada que um banco estrangeiro tome conta do BCP. Era certamente melhor gerido.

- Nicolau Santos afirma no Expresso que o Banco de Portugal, entidade supervisora dos mercados financeiros, pode ser desculpada por não ter identificado nas suas investigações a artimanha dos off-shores, e muitas outras. Sustenta a sua afirmação com uma frase de Alan Greenspan, cito:"Por muito que alguns reguladores da banca se esforcem por promover o exercício saudável da actividade, é muito difícil descobrir uma fraude ou um desfalque sem que alguém tenha dado o alerta." Isto não é desculpa para nenhuma entidade fiscalizadora. E o problema ultrapassa meramente essa questão. Estamos perante a dúvida entre a cegueira ou a cumplicidade de um polícia. Não no domínio ingénuo da cegueira.