sábado, 27 de outubro de 2007

Sócrates chique e europeísta, mas só lá fora

Que o estado de graça de Sócrates já tinha terminado, toda a gente sabe. Agora, ao ponto de uma sondagem do DN/TSF/Marktest apontar para um empate técnico entre o PS e o PSD, não se esperava. Contudo, francamente, vejo muitas razões para esta descida nas intenções de voto:

- O desemprego ou estabiliza ou aumenta, e a situação conjuntural não é de crescimento económico acelerado. Um crescimento do PIB abaixo dos 3% não vai levar a diminuições da taxa de desemprego. A reestruturação económica do país pode implicar um desemprego de 10% da população activa. E isso representa mais despesa pública, através dos subsídios de desemprego.

- Os portugueses não gostam de marketing. Já o provaram com Santana Lopes, voltam a demonstrá-lo com Sócrates. O governo tem exagerado no show-off durante a presidência do Conselho da União Europeia. Para muitos portugueses, as questões da UE passam verdadeiramente ao lado. Por isso, não entendem como os governantes se podem distrair (e deslumbrar) com estas questões, se a situação real no país real não melhora. Os sorrisinhos, as frases-padrão e as ambiguidades (sobre o referendo ao tratado europeu) de Sócrates começam a ser insuportáveis.

- O efeito novidade é quase sempre positivo. No PSD, Menezes tem durante um curto período o seu estado de graça. Tudo o que afirma é ouvido com o dobro da atenção.

Tenho dúvidas que o PSD, para já, capitalize directamente com os insucessos do governo socialista. Mas nas próximas eleições legislativas, e dois anos é muito tempo, arriscamos-nos seriamente a ter Luís Filipe Menezes como primeiro-ministro. Veremos como o presidente do PSD resolve o problema "Santana Lopes".