segunda-feira, 4 de maio de 2009

Europeias (II)


A mania que os partidos políticos portugueses têm de discutir minudências de modo a esconder os reais problemas do país é revoltante. O que se passou com o candidato socialista Vital Moreira é repugnante, mas daí a passar dias a discutir este assunto e gastar tempo de antena com exigências de pedidos de desculpa é uma hipocrisia quando há questões muito sérias para debater. Pena que os partidos políticos em Portugal se sintam regularmente como virgens ofendidas, quando pouco fazem para elevar o debate e recentrar as questões essenciais. Muita culpa têm igualmente os jornalistas que procuram sempre o acessório em detrimento do essencial, para que o resultado final seja apenas maior audiência em vez de maior seriedade . Muita culpa têm os jornalistas porque, em conivência com a maioria dos políticos, moldam o discurso destes para uma sucessão infinita de banalidades e de polémicas criadas à volta de não-assuntos.

Se há culpados directos na degradação do debate público, os primeiros são os jornalistas. Porque distorcem e desvirtuam uma mensagem política séria, em detrimento da polémica, da denúncia e da hipocrisia.


2 Comentários:

Às 26 de maio de 2009 às 20:07 , Blogger João disse...

Muito bem Gonçalo.

Totalmente de acordo. É asfixiante a forma como no jornalismo, o entretenimento politico criado através da edição das peças ou da descontextualização dos discursos e debates, se sobreponha ao acto de informar a população à cerca das reais questões Nacionais e/ou Europeias. Através dos meios de comunicação social é muito difícil perceber as diferenças entre as forças políticas, mas certamente que já se sabe o nome do Senhor que Esmurrou o Vital Moreira...

Um Abraço

João Azevedo Ferreira

 
Às 31 de maio de 2009 às 21:06 , Blogger Gonçalo Pereira disse...

É impressionante como se tem verificado isso em estações de televisão ditas sérias, como a Sic Notícias. Chegamos ao cúmulo de ter metade das peças jornalísticas a retratar gaffes dos candidatos, peripécias, se os pavilhões estão cheios ou vazios, enquanto que a política pura é deixada ao acaso. Depois não se queixem...
Um país não se pode mudar, e as perspectivas não são optimistas. Mas já fomos menos amadores do que somos agora.

 

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