segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

USA 2008 - John McCain



A minha escolha para as eleições americanas de 2008 é John McCain. Num momento difícil para o "western way of life", é indispensável colocar pessoas no poder que tenham experiência e saibam tomar as "tough decisions" que os EUA precisam de tomar já, agora. Sustento a minha escolha em McCain com base numa série de questões chave.

A guerra no Iraque, uma aventura mal pensada e sobretudo mal preparada, precisa de uma nova liderança com uma nova credibilidade por parte do Governo americano. E como já referi, essa nova liderança terá de tomar decisões difíceis. A primeira medida é retirar as tropas do Iraque só depois de estabilizado o país, o que pode levar 2 anos ou 10 anos. Uma redução progressiva ao longo de uma década parece-me a decisão mais sensata. O Iraque, como está actualmente, cai facilmente nas mãos de milícias ou de grupos armados religiosos, caso não tenha um governo apoiado por tropas e dinheiro americano. E o desfecho de uma retirada das tropas rápida será inevitavelmente esse. E isso seria desastroso para a região. Colocaria o Iraque provavelmente em guerra civil. Ou então reforçaria um estado iraquiano assente numa teocracia religiosa xiita aliada com o Irão. Só é possível evitar esta evolução desastrosa para o Médio Oriente com decisões difíceis, que implicarão a morte de mais soldados e uma manutenção de gastos elevados na guerra, na construção de infraestructuras e na formação de polícias e pessoal qualificado. Não acredito que discursos carregados de "Hope" e de "Change" cheguem para tomar as medidas que se exigem para a resolução de problemas de longo-prazo.

Sobre a questão da imigração nos EUA, Mitt Romney tem posições ridículas e indefensáveis, contra o próprio espírito dos founding fathers e da génese de imigração dos EUA. A posição claramente defendida por Romney de expulsar todos os imigrantes ilegais dos EUA, mesmo aqueles que estão há mais de 5 anos no país a trabalhar e já têm filhos, ou mesmo aqueles cujos filhos são americanos e já estão a estudar ou a trabalhar, parece-me absolutamente surreal. É um ataque aos que querem trabalhar nos EUA e não tiveram possibilidades de o fazer legalmente, mas querem fazê-lo agora. A posição de McCain é mais sensata. Os imigrantes ilegais estabelecidos no país (exceptuando os criminosos) podem pagar $3.ooo dólares por um visa e têm a sua permanência garantida.

Quanto à economia, as ideias gerais de Ron Paul e de John MacCain agradam-me. Menos gastos orçamentais, menos impostos, menos estado na sociedade, menos regulações, direitos fundamentais de propriedade. As ideias de Hillary Clinton de "congelar" as taxas de juro do mercado subprime por 5 anos são um péssimo sinal de intervenção estatal na economia. Se o crédito foi disponibilizado a famílias que não tinham recursos para os pagar, isso deve-se ao baixo preço do dinheiro e a expectativas goradas de crescimento dos preços do mercado imobiliário. Estou certo que a informação disponibilizada sobre o risco desses empréstimos (em conjunto com as hipotecas) foi esclarecedora. A ideia deveria ser esclarecer as pessoas o mais possível e não permitir aos bancos operações menos transparentes e puni-los por isso. Em vz disso, Hillary propõe uma intervenção total no mercado, regulando-o por cima, sem deixar grande margem aos bancos no subprime.

Sobre a questão da saúde, muito sensível para os norte-americanos, a disponibilidade de serviços gratuitos de saúde varia muito de estado para estado. Mas os actuais serviços nacionais gratuitos, o Medicare e o Medicaid, apenas abrangem os mais idosos e os chamados "indigentes". Aqueles que estão fora destas categorias, se querem ter serviços de saúde, têm de comprar um seguro de saúde, naturalmente caro. Os que não têm seguro de saúde, tem dificuldades em obter cuidados médicos (embora varie de estado para estado). Hillary Clinton propõe uma série de medidas com vista a tornar a prestação de cuidados de saúde universal e gratuita. Se essa medida for exequível, certamente que o sistema de saúde americano servirá de referência. Os ricos terão acesso, com muitos $$$, à melhor medicina do mundo, os pobres terão cuidados básicos de saúde. Os republicanos, em vez de se manterem inflexíveis face a estas propostas, poderiam tirar ilacções sobre elas. Nomeadamente, John MacCain, que tem muita sensibilidade para estas questões.

John MacCain é o melhor candidato. Nunca se mostrou servil ao Partido Republicano, vota de consciência mesmo que seja contra o próprio partido, não se mostrou de acordo com George W. Bush em várias questões de política externa, nomeadamente Guantanamo, e tem um passado que o honra. Talvez por ser um desalinhado, não tem o apoio de muitas estruturas no Partido Republicano. Mas o que fazem mais os desalinhados senão pensar pela própria cabeça?