domingo, 3 de fevereiro de 2008

Observações - A ética republicana


1) Louvo a discussão que se tem realizado na blogosfera e nas televisões sobre o regicídio. Para desmitificar e clarificar esta discussão o papel de Rui Ramos foi decisivo. Em vez de mandar achas para a fogueira e insinuações irrelevantes, tem estudado a matéria e contribuído para um debate sério e isento e, sobretudo, para a revelação de muitas verdades escondidas pela "ética republicana". A ética republicana que conduziu o país a um período de desordem e pântano político e culminou no 28 de Maio. A tal ética que ainda hoje nos representa no pior da governação. Por outro lado, acho que a discussão sobre um sistema monárquico/parlamentar em oposição ao sistema presidencialista/parlamentar, não faz hoje, qualquer sentido. O nosso sistema precisa de ser moldado e não alterado. Os defeitos da governação monárquico/parlamentar do século XIX são idênticos ao actual sistema. E, para o país que temos, tem funcionado razoavelmente bem quando os políticos são razoavelmente bons.

Para um debate sério, era necessário que a monarquia tivesse representantes (oficiais) credíveis. Mas não tem. Preferem dedicar-se aos fados e às touradas. Quanto muito, poderiam contribuir apenas para uma evocação merecida dos feitos da monarquia, que no fundo é a nossa história, e uma memória da morte do rei D. Carlos e do desastre que se sucedeu. Mas não o faz. Quem o faz melhor é Cavaco Silva, que acima de tudo, honra a nossa história. A resposta da ética republicana vem através do ministro da Defesa, Severiano Teixeira, e do Bloco de Esquerda, que viram as costas ao país e à sua representação oficial durante mais de 700 anos.

2) As recentes declarações de Marinho Pinto não são mais do que frases feitas 100% verdadeiras, mas que acabam sempre sem investigações, sem denúncias, inconclusivas, e sempre com os do costume a pedir nomes e provas concretas. Estes que pedem nomes, deveriam ser os primeiros a dar o seu nome, não fossem eles parte da prova.

Quero acreditar que este Procurador Geral da República será responsável por analisar e tirar conclusões, ou seja, iniciar investigações que terminem com dados concretos, sobre estes casos e muitos outros que têm sido levantados por denúncia, ou por declarações públicas sem target específico. Mas um país que não teve, durante o período de democracia pós-25 de Abril, qualquer político (deputado ou membro do governo) julgado por corrupção, não pode acreditar seriamente nas suas instituições. É esta a ética republicana que temos.