terça-feira, 17 de julho de 2007

Refundar a direita II


O CDS com a sua matriz ideológica actual tem muitas parecenças com o PSD. Deste modo, a sua existência como partido está muito dependente do momento e das circunstâncias de actuação do PSD. Nos anos 80, o CDS tinha uma matriz ideológica democrata-cristã, assente nos valores de personalidades como Freitas do Amaral. Nesse tempo, a base eleitoral do partido era extensa e o CDS partilhava com os seus votantes uma ideologia sólida e que dava sentido à existência do próprio partido. Com o cavaquismo e a ascensão de Manuel Monteiro e Paulo Portas, essa base eleitoral desvaneceu-se. Actualmente, penso que a única forma de o CDS se distanciar do PSD é adoptar uma agenda radicalmente diferente da democracia cristã, já de si pouco adequada aos nossos tempos, e da social democracia, adoptada pelo PSD. Essa nova agenda para o CDS teria uma perspectiva ultra-liberal da economia e do papel do estado na sociedade. Só assim o CDS se distanciaria do PSD e ganharia um novo élan. O país tinha, a prazo, todos os motivos para ganhar com a existência de um partido liberal na economia e conservador nos costumes. E um novo formato liberal não entraria em ruptura com a base anterior do CDS, pois continuaria a ser conservador nos costumes. Aliás, um partido assim só poderia ter potencial de crescimento, apoiado por plataformas como o "Compromisso Portugal" que pretendem uma nova agenda liberal para o país, e por uma maior classe empresarial que partilha destes valores.