segunda-feira, 16 de julho de 2007

Refundar a direita

Estas eleições de Lisboa, tal como as legislativas, devem ajudar a compreender porque razão a direita tem de mudar. Para já, fico-me pela direita representada pelo PSD.



O PSD teve o pior resultado de sempre na câmara de Lisboa. Perdeu 88982 votos em relação à eleição de 2005. Esta derrota clara tem um conjunto de explicações. Sempre me pareceu que Marques Mendes lidou muito mal com esta questão do ex-presidente Carmona Rodrigues. Se Carmona foi pressionado a demitir-se pelo partido por ser arguido, também Fernando Negrão o é; se Carmona foi pressionado por não haver condições de governabilidade, então porquê tão tarde e não quando Maria José Nogueira Pinto acabou com a coligação de direita na câmara. A mim o que me parece é que Marques Mendes segue à risca as vontades e as opiniões da comunicação social e as críticas dos adversários. É o soundbite político no seu pior. Neste caso de Carmona como em muitos outros casos, impõe-se pragmatismo. Não se devia levar à letra os berros de José Sá Fernandes, de Miguel Coelho, do Rúben de Carvalho ou da comunicação social (impregnada de tendências), a clamar a ingovernabilidade da câmara, propondo a demissão de Carmona. Assim Marques Mendes não vai lá.
As movimentações do partido já começaram. Luís Filipe Menezes reúne apoios há meses, esquecendo-se completamente que perdeu contra Marques Mendes e nunca seria capaz de unir o PSD. É o candidato da demagogia e tenho dúvidas que será uma alternativa credível a José Sócrates. No entanto, podia eventualmente ter meios para derrubar em 2009 o fraco executivo socialista. Menezes é um candidato para ganhar eleições, mas incapaz de governar. Santana Lopes era um candidato para ganhar eleições, mas incapaz de governar. Agora nem uma coisa nem outra. José Pedro Aguiar Branco parece também reunir apoios para uma candidatura à liderança. Os ventos que vêm do norte são positivos para a política sempre centrada em Lisboa, com gente de Lisboa ou com carreira na capital. Para já tem o aval de Miguel Veiga, o que é um sinal positivo. Outro aspecto de relevo é de que Aguiar Branco tem uma carreira fora da política como advogado, cimentada por muitos anos de vida profissional. Pessoas da sociedade civil com carreira profissional privada só podem ser boas influências para os partidos. No entanto, não deixa de ser um candidato pouco conhecido entre os portugueses e os militantes do PSD. O candidato ideal do PSD seria, como já referi, Rui Rio. Mas esse nunca seria capaz, acredito eu, de deixar a câmara do Porto no meio do mandato para que foi eleito.