Vantagem Comparativa
sábado, 18 de maio de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Guiné-Bissau: 40 anos de desastre
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Quarenta anos após a proclamação da
independência em Madina do Boé, logo pressurosamente reconhecida pelo
"mundo socialista", a Guiné-Bissau é um Estado a todos os títulos
falhado. Crónica ininterrupta de matanças - tudo começou com o extermínio de
cinco mil ex-soldados negros que haviam servido Portugal - governos corruptos,
prepotentes e envolvidos em práticas de banditismo organizado há muito
denunciados pelas agências de combate ao tráfico de armas e drogas, a história
da chamada Guiné-Bissau exprime ao limite o fracasso dos ingénuos sonhos
independentistas africanos. Cinco golpes de Estado, uma guerra civil,
crudelíssimos ajustes de contas, fome, ausência de lei e ordem, regressão e
incúria extremas; eis a herança do capitulacionismo do MFA.
A Guiné-Bissau é um Estado pária, muito embora a
má-consciência do piedoso paternalismo lhe continue a assegurar representação
nas Nações Unidas. Trata-se de um não-Estado usurpado por grupos armados,
vivendo da caridade internacional e de crédito a fundo perdido. Ali, a
esperança de vida é inferior à das primeiras estatísticas dos anos 30, ali
campeiam as doenças endémicas - que o "colonialismo" havia erradicado
- como soçobraram a Saúde, o Ensino, a Lei e todos os adereços elementares que
configuram a existência de um Estado.
Em 1974, Bissau era uma
pacata capital colonial, traçado ortogonal, ruas limpas, árvores caiadas a
meio-tronco, jardins, hospitais, escolas. Hoje, Bissau é uma lixeira a céu
aberto, gente esfarrapada, edifícios esventrados, ruas esburacadas e
contaminadas pelos detritos vazados. Na prova final do julgamento da História,
a Guiné Portuguesa era uma colónia, mas verdade seja dita, tratava melhor os
seus naturais que a patética ficção de uma independência que não é sinónimo de
liberdade, mas de insegurança, morte lenta e desesperança.
»Fonte do texto: Blog Combustões