domingo, 18 de dezembro de 2011

LEONE desde 1857










BANCO PORTUGUÊS DO ATLÂNTICO



"confesso que nunca imaginei poder ser enganado por dados oficiais sobre a real dimensão do nosso défice público"

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Vivemos uma crise económica e de valores. O Estado tem sido “pessoa” de bem?

Há anos que deixou de ser pessoa de bem. Por exemplo, não presta boas contas, mente, esconde despesas, derrapa nos orçamentos, atrasa-se a pagar aos fornecedores correntes; administra mal a justiça; convive com fenómenos de nepotismo, corrupção, economia informal... Faço com mágoa este retrato em tons carregados. E no particular domínio das finanças públicas, estando nós na UE e na ZE, confesso que nunca imaginei poder ser enganado por dados oficiais sobre a real dimensão do nosso défice público, como temos vindo a constatar graças ao trabalho da troika e do actual Governo.

Quais têm sido os principais pecados das entidades públicas?

Quase os mesmos pecados que Salazar apontava em 1929-31. Ele dizia que a vida administrativa do País era uma “mentira colossal”. Era a “mentira das previsões”, ou seja o orçamento, e era a “mentira das contas”, ou seja a execução das despesas... Era o abuso do “crédito para pagar despesas correntes”... Era a tentação de “furtar as despesas a uma fiscalização rigorosa”. Era o despesismo, a “nossa prodigalidade”, o “nosso prazer de gastar”, as “nossas aspirações desmedidas”... Era a falta de qualidade das instituições, a “forte pressão dos nossos defeitos administrativos”, a “nossa desordem administrativa”...

Palavras de há oitenta anos que fantasmagoricamente hoje quase ressuscitam, humilham a democracia e envergonham os órgãos de soberania, todos. Curiosamente, citei-as em 1984 numa conferência que fiz, veja-se a ironia da vida, na Madeira, a respeito do estado das nossas finanças públicas, estava o País a sofrer a 2.ª intervenção do FMI, estava eu longe de me supor na função de ministro das Finanças o que haveria de ocorrer um ano depois, no governo Cavaco Silva.

As entidades reguladoras, nomeadamente o Banco de Portugal e CMVM têm estado à altura dos desafios colocados?

Durante anos a fio, a supervisão do BdP foi permissiva e desatenta. Foi incompetente. O actual governador está, e bem, a corrigir erros, negligências, omissões. A CMVM situa-se noutro campo, com outros meios e outros alcances, penso que tem progredido bem.
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Miguel Cadilhe “Os pecados de hoje são quase os mesmos apontados por Salazar em 1929-31”


Fonte: Jornal ionline, por Isabel Tavares, publicado em 15 Out 2011


Faculdade de Economia da Universidade do Porto

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Do leitor (e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) Manuel Maria Pacheco Figueiredo:
«Caro João Gonçalves
Pode parecer anedota, mas não é! O Director da Faculdade de Economia da Universidade do Porto convida-nos para a " Cerimónia de Abertura do Ano Letivo" (suspeito que se refere a Lectivo) cuja "Lição de Sapiência" estará a cargo do Excelentíssimo Senhor Professor Fernando Teixeira dos Santos!!!! Não sei se isto é para rir ou para chorar, mas revela bem um dos maiores problema do (ainda) nosso País: a falta de vergonha na cara. Chamo a atenção para a (socretina) presença do Reitor da UP, Professor Marques dos Santos, que, pelos vistos, é outro que não tem vergonha na cara. Também não admira. Afinal, quem é que se insurgiu contra esta vergonhosa instrumentalização da Universidade do Porto nas vésperas das eleições de 5 de Junho passado (é o cavalheiro sentado à esquerda do filósofo parisiense)? Valha a verdade que não me constou que mais alguma Universidade se tivesse prestado a este frete.
Com os meus cumprimentos»
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Fonte: Blog Portugal dos Pequeninos 15 Out. 2011


ESTADO DA ÍNDIA


Carta que D. João de Castro (1500-1548) escreveu de Diu à cidade de Goa, em 23 de Novembro de 1546.

(1ª Parte)
«Senhores Vereadores, Juízes, e Povo da muito nobre, e sempre leal Cidade de Goa ; os dias passados vos escrevi por Simão Alvares Cidadão dessa cidade as novas da vitória, que me nosso Senhor deu contra os Capitaens de ElRey de Cambaya, e calley na carta os trabalhos, e grandes necessidades em que ficava; porque lograsses mais inteiramente o prazer, e contentamento da vitória; mas já agora me pareceo necessário não dissimular mais tempo, e darvos conta dos trabalhos em que fico, e pedirvos ajuda para poder supprir, e remediar tamanhas cousas, como tenho entre mãos; porque eu tenho a fortaleza de Diu derribar até ao cimento, sem se poder aproveitar hum só palmo de parede; de maneira, que não somente he necessário fabricala este verão de novo, mas ainda de tal arte, e maneira, que perca as esperanças ElRey de Cambaya, de em nenhum tempo a poder tomar. E com este trabalho tenho outro igual, ou superior a elle aldemenos para mim muito mais incomparável de todos, que são as grandes oppressoens, e contínuos achaques, que me dão os Lasquerius por paga, de que lhes eu dou muita certeza, porque de outra maneira se me hirão todos, e ficarey só nesta fortaleza, o que será occasião de me ver em grande perigo, e por este respeito toda a Índia; como quer que os Capitaens de ElRey de Cambaya com a gente que ficou do desbarato, estão em Suna, que he duas leguas desta fortaleza, e ElRey lhes manda cada dia engrossar seu campo com gente de pé, e de cavalo, fazendo muitas amostras de tornar a tentar a fortuna, em querer dar outra batalha, para as quais coisas me he grandemente necessário certa soma de dinheiro; pelo que vos peço muito por merce, que por quanto isto importa ao serviço de ElRey nosso senhor, e por quanto cumpre a vossas honras, e lealdades levardes avante vosso antigo costume, e grande virtude, que he acodirdes sempre às estremas necessidades de Sua Alteza, como bons e leais vassalos seus, e pelo grande, e entranhavel amor, que a todos vos tenho, me querais emprestar vinte mil pardaos,»…


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MARCAS (INDUSTRIAIS) NACIONAIS


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Portugal nos últimos anos assistiu de forma passiva ao desaparecimento de inúmeras marcas nacionais, algumas eram únicas, ou seja, eram a única empresa portuguesa a fabricar/fornecer esse produto, tais como:

MOLIN - Material de escrita e desenho
MABOR GENERAL - Pneus
UMM - Veículos automóveis (Jipes)
PORTARO - Veículos automóveis (Jipes)
SOREFAME - Concepção e fabrico de comboios
CASAL - Motos

Por outro lado foram atribuídos subsídios a inúmeras empresas estrangeiras que, ao fim de poucos anos, fecharam (indo para outros países).

Quando uma empresa deste tipo desaparece não são apenas os postos de trabalho que se perdem: são técnicas e conhecimentos acumulados e aperfeiçoados ao longo dos anos que se perdem (know-how); outro aspecto importante reside na perda de elementos que de certa forma servem de identificação do país.

Sou da opinião que este assunto deveria ser alvo de uma maior atenção por parte do governo, nomeadamente nos casos em que a marca nacional na iminência de desaparecer fosse a única (em Portugal) a fabricar esses produtos. Nestas situações o estado deveria intervir, de modo a evitar o seu desaparecimento, invocando o interesse nacional.
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Fonte: blog Vantagem Comparativa 12 de Dezembro de 2007, texto escrito por mim.